Sinceramente, não concordo com a opinião do Ronaldo Lemos e nem do Paulo
Rená. A Wikipédia adora música. Gosta muito mais do que eu. O que não falta
ali são artigos de bandas e artistas, de todos os gêneros. Mas uma
enciclopédia não é e nem pode ser um guia. Não deve incorporar todos os
músicos da Terra, pelo mesmo motivo que não incorpora todas as pessoas da
Terra.
Uma enciclopédia inclui os que se destacam em seu meio. O que é destaque?
Isso pode ser discutido e evoluído, mas sempre, sempre, passará pelas
fontes apresentadas. Não temos um conselho editorial, a opinião de um
editor não vale para comprovar o destaque de alguém, justamente porque não
pedimos qualificação dos editores, que sequer precisam se identificar. É
diferente de um jornal, por exemplo, onde a opinião do especialista no tema
é suficiente para decidir o que será comentado ou não. O mesmo vale para a
Britannica ou a Barsa. Na Wikipédia, isso está fora do propósito do
projeto. Existe no Citizendium, e no Knol, por que não escrevem lá? A fama
ea abrangência da Wikipédia é consequência dessa forma de trabalho. Não dá
para querer o tráfego da Wikipédia com o método de inclusão de outros
projetos, são duas coisas indissociáveis. A Britannica ainda existe, e
ainda assim, sou capaz de apostar que esse artigo não está lá, e nem por
isso eles reclamam da Britannica.
Sobre jornais, eles produzem matérias a partir de fontes primárias. Vêem um
fato eo noticiam, baseando-se no testemunho do próprio jornalista ou de
alguém que ele entrevistou. Esse é o processo deles, e isso não é uma
crítica, é uma constatação de uma característica de um veículo diferente. A
Wikinotícias também faz isso. Mas a Wikipédia não o faz. Não tem como
fazer. Então o que fazemos é exigir que os artigos indiquem quem fez essa
avaliação. Apresente as fontes secundárias independentes. Parafraseando o
Yanguas, aceitar o site pessoal da própria banda seria como perguntar à
minha mãe se eu sou o homem mais bonito do mundo, e usar isso para
sustentar meu artigo na Wikipédia.
No caso em questão, duas falhas: primeiro ele atribui essa escolha do
motivo de eliminação aos administradores, o que não é verdade.
Administradores apagam o que foi decidido por apagar na votação. Se a
votação termina 5 a 1 para apagar, um administrador simplesmente não pode
manter o artigo, mesmo que queira. Ele tem que apagar. E se fosse 5 a 1
para manter, ele estaria proibido de apagar, podendo ser destituído ou
bloqueado se o fizesse. Um administrador não decide o que é apagado em
votação. Quem decidiu ali foram os editores em geral, eo próprio Paulo
Rená, que criou o artigo, pôde votar pela manutenção, e teve espaço para
explicar seus argumentos. Também foram explicados a ele os motivos
informados daqueles que votaram pela eliminação. Ele tinha ciência de que o
que ele afirmava sobre a banda não estava suportado em fontes fiáveis. Todo
o argumento pela manutenção do artigo se baseava no site da própria banda.
Ora, se ela é notória, é uma banda de destaque, alguém deve ter falado
nela, não? Ou que destaque é esse que ninguém conhece? Nenhum jornal,
revista especializada, etc. Que tal a própria Folha, que agora reclama do
fato? Há matéria na Folha sobre essa banda, suportanto as informações
apresentadas? Se tem, isso provavelmente seria o suficiente para manter o
artigo, de acordo com a opinião dos que votaram pela eliminação. A Folha é
fonte fiável para isso, mas não para falar da própria Folha. E se não foi
apresentado à época por desconhecimento, não há nenhum problema em recriar
o artigo, apresentando a matéria da Folha como fonte. Duvido que o artigo
volte a ser eliminado, se aquelas informações estiverem mesmo suportadas
pela Folha.
Portanto, entendo a matéria como um elogio. Não acompanhei o episódio, mas
adorei ver que o procedimento funcionou, e foram respeitados os dois
primeiros pilares do projeto (
http://pt.wikipedia.org/wiki/WP:5), que não
podem ser objeto de revisão nem de alteração e têm primazia sobre as regras
e recomendações adotadas.
Talvez esse mal entendido venha do slogan "A enciclopédia livre". Neste
caso, "livre" refere-se à licença usada. Foi derivado de "A enciclopédia de
conteúdo aberto", substituído para "livre" para simplificar, mas mantendo o
sentido. É livre porque qualquer um pode usar o seu conteúdo,
respeitando-se a licença adotada. É livre porque não é "todos os direitos
reservados".
"Enciclopédia livre" não significa "enciclopédia a custo zero"
"Enciclopédia livre" não significa "qualquer pessoa pode editar como bem
entender"
"Enciclopédia livre" não significa "liberdade de expressão"
(
http://pt.wikipedia.org/wiki/Wikipedia:A_enciclop%C3%A9dia_livre)
CB