Obrigado pela gentileza. O que não dá para entender, independe agora
do idioma. É a multilinguística sanha por lucro.
2009/7/21 Joaquim Mariano da Costa Neto <joaquimmariano(a)yahoo.com.br>br>:
Amazon apaga livros de Orwell no Kindle
Brad Stone, The New York Times
17 de julho de 2009
Lucas Jackson / Reuters
Um passageiro usando um Amazon Kindle para ler no metrô de Nova Iorque.
Em 1984, de George Orwell, censores do governo apagam todos os vestígios de
reportagens que constrangem o Grande Irmão, mandando-as para o tubo de
incineração chamado de "buraco da memória".
Na sexta-feira, foi 1894 e outro livro de Orwell, A Revolução dos Bichos,
que foram lançados no buraco da memória - pela
Amazon.com.
Num jogada que irritou clientes e gerou ondas de insatisfação online, a
Amazon apagou remotamente algumas edições digitais desses livros nos
dispositivos Kindle de leitores que pagaram por elas.
Por e-mail, um porta-voz da Amazon, Drew Herdener, disse que os livros foram
adicionados à loja Kindle por uma empresa que não tinha os respectivos
direitos, usando uma função automática. "Quando notificados sobre isso pelo
detentor dos direitos, removemos as cópias ilegais do nosso sistema e dos
dispositivos dos clientes, e reembolsamos os clientes", disse.
A Amazon efetivamente reconheceu que as remoções foram uma má idéia.
"Estamos mudando nosso sistema para que, no futuro, nós não removamos livros
de dispositivos de clientes nessas circunstâncias", disse o Sr. Herdener.
Clientes cujos livros foram apagados informaram que a MobileReference, uma
editora digital, havia os vendido. Um e-mail para a SoundTells, a empresa
que é a proprietária da MobileReference, não foi prontamente respondido.
Livros digitais comprados para o Kindle são enviados para o dispositivo por
uma rede sem fio. A Amazon também pode usar essa rede para sincronizar
livros eletrônicos entre dispositivos - e aparentemente para fazê-los
desaparecer.
Na noite de sexta-feira, uma edição digital autorizada de 1984 de seu editor
americano, Houghton Mifflin Harcourt, ainda estava disponível na loja
Kindle, mas não havia nenhuma versão de A Revolução dos Bichos.
Pessoas que compraram as edições invalidadas reagiram com indignação,
reconhecendo a literal ironia do caso. "De todos os livros para recolher",
disse Charles Slater, diretor de uma loja de partituras na Filadélfia, que
comprou a edição digital de 1984 por 99 centavos no mês passado. "Eu nunca
imaginei que a Amazon efetivamente tivesse o direito, o poder ou mesmo a
possibilidade de apagar algo que eu já havia comprado".
Antoine Bruguier, um engenheiro do Vale do Silício, disse que havia
percebido que sua cópia digital de 1984 parecia ser uma digitalização de uma
edição em papel. "Se este Kindle quebrar, com certeza não vou comprar um
novo", disse.
A Amazon aparenta ter apagado recentemente dos Kindles outros livros
eletrônicos comprados. Comentando em fóruns na Internet, clientes relataram
o desaparecimento de edições digitais dos livros de Harry Potter e dos
romances de Ayn Rand em situações semelhantes.
Os termos de serviço publicados pela Amazon para o Kindle não parecem dar à
empresa o direito de apagar compras depois de terem sido feitas. É dito que
a Amazon concede aos clientes o direito de manter um "cópia permanente do
respectivo conteúdo digital".
Vendedores de bens físicos obviamente não podem entrar sem autorização na
casa de um cliente para retomar uma mercadoria, não importando quão ilícita
a mercadoria tenha se revelado. Mesmo assim, a Amazon parece manter uma
peculiar amarra ao conteúdo digital que vende para o Kindle.
"Isso ilustra quão poucos são os direitos que você tem quando compra um
livro eletrônico da Amazon", disse Bruce Schneier, diretor de tecnologia de
segurança da British Telecom e especialista em segurança e comércio
eletrônicos. "Como proprietário de um Kindle, estou frustrado. Não posso
emprestar livros para as pessoas e não posso vender livros que eu já tenha
lido, e agora descobriu-se que não posso sequer contar com meus livros
amanhã".
Justin Gawronski, de 17 anos, da região de Detroit, estava lendo 1984 em seu
Kindle para um trabalho escolar de verão e perdeu todas as suas notas e
apontamentos quando o arquivo desapareceu. "Eles não apenas pegaram meu
livro de volta, eles roubaram meu trabalho", disse.
Na Internet, é claro, não há coisas como um buraco da memória. Embora, nos
Estados Unidos, o copyright de 1984 não expire até 2044, ele já expirou em
outros países, incluindo Canadá, Austrália e Rússia. Nesses países, sites
oferecem cópias digitais gratuitas do livro para todos os interessados.
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