ENTRE OS MAIORES OBSTÁCULOS ao pleno desenvolvimento do Brasil está a educação. Este é o próximo grande desafio que deverá ser enfrentado, com paciência, mas sem rodeios. É a bola da vez dentro das políticas públicas prioritárias do Estado. Nos anos 90, o país derrotou a inflação – que corroía salários, causava instabilidade política e irracionalidade econômica. Na primeira década de 2000, os avanços se deram em direção a uma agenda social, voltada para a redução da pobreza e da desigualdade estrutural. Nos próximos anos, a questão da melhoria da qualidade do ensino deverá ser uma obrigação dos governantes, sejam quais forem os ungidos pelas decisões das urnas.
Um retrato da má educação no Brasil foi apresentado na última terça-feira por um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Como sempre, há alguma boa notícia, novamente relacionada à cobertura do sistema, a indicadores quantitativos, mas logo descompensada pelos dados que mostram a qualidade no ensino.
Continua:
http://jbonline.terra.com.br/leiajb/2010/01/21/primeiro_caderno/um_pais_cont...
*Ler, escrever, contar e pensar*
O ENTUSIASMO NACIONAL pelo desempenho da economia brasileira, nestes últimos anos, com repercussão da presença do país no mundo, esfarela, diante de um dado alarmante: quase 20% dos alunos do ensino básico repetem o ano, e muitos deles abandonam as escolas. A situação estava pior há 10 anos, quando era de 26%.
Segundo a Unesco (e o bom senso), isso ocorre por causa da má qualidade do ensino. Não ensinar, ou fingir apenas que ensina, é velha política do Estado brasileiro. Desde o período colonial, o bom ensino foi negado aos pobres, para que não faltassem servos aos ricos. Quando, entre os pobres, alguma criança se destacava por uma inteligência excepcional, tratavam de cooptá-la, como fizeram com grandes negros, entre eles José do Patrocínio e André Rebouças. Fora disso, era a reprodução selecionada: os ricos mandavam seus filhos para as melhores escolas, para que continuassem nos quadros das elites; aos pobres, ensinava-se apenas o necessário, para que pudessem servir ao sistema de poder econômico.
Continua:
http://jbonline.terra.com.br/leiajb/2010/01/21/primeiro_caderno/ler__escreve...