Ni!
Concordo com o Pietro, o desenvolvimento do ParaEntender é incompatível com o de um bom livro didático.
Existem bons argumentos questionando a eficiência de produzir-se livros didáticos colaborativamente. A dificuldade de modularizar os assuntos é a principal delas.
O ParaEntender apenas contorna essas dificuldades, pois os textos não foram produzidos como um conjunto nem dialogam entre si. A maioria deles sequer cita o assunto dos demais.
Meu convite para participar no livro deu-se justamente em consequência do juliano vir questionar-me sobre esse assunto.
Uma coisa que recomendei a ele, e recomendo novamente aqui, é dar uma olhada no seguinte texto que, apesar de denso, vale a leitura
http://www.benkler.org/Common_Wisdom.pdf
A parte final, "Higher Order Materials: Textbooks and Immersive Play Environments", trata o caso de produção colaborativa de livros, comentando inclusive as dificuldades do wikibooks (na pág. 17).
Isso não quer dizer que a proposta seja infactível, apenas que não terá o crescimento exponencial espontâneo que projetos como a Wikipédia tem.
Ainda assim há experiências positivas de colaboração em livros mais complexos, onde os módulos são menos bem definidos e dialogam entre si.
Um exemplo são os romances de ficção escritos por fãs de certas narrativas no japão (pra variar mil anos à frente do resto do mundo) e, mais recentemente, por fâs de séries de livros para jovens como "Twilight".
Contudo, tanto quanto vejo, o método mais utilizado ali é o da serialização e bifurcação: você evolui a narrativa sem alterar os fatos dados, ou cria uma nova linha ficcional listando os eventos aos quais ela adere. Também não há preocupação em manter o mesmo estilo ou a uma coerência forte do texto.
Não vejo como isso se encaixaria na proposta de textos didáticos.
E enfim, há o Connexions, que o Tom mencionou. Ele tem uma proposta explícita de colaboração não-linear, contudo mesmo ali parece-me que a reutilização e remixagem não é tão frequente, nem são tantos os colaboradores sobre cada recurso.
Em suma, módulos trabalhosos e com vínculos fortes entre eles são características de livros didáticos que dificultam sua produção social paritária em larga escala.
Um possível modelo eficiente de produção wiki desses recursos contemplaria atores com fortes estímulos ao envolvimento e comprometimento com tais projetos, ocupando lugar numa hierarquia meritocrática espontânea, responsável por evoluir os módulos e integrar as contribuições vindas da base.
Quem conhece deve ter notado, isso é apenas uma abstração da organização de projetos complexos de software livre.
Abs,
ale ~~
On Fri, 2009-03-20 at 08:11 -0700, Pietro Roveri wrote:
Vocês consideram esse trabalho um livro? Na minha opinião é um guia. Não falo pelo número de páginas, mas pela forma com que o conteúdo é apresentado. Isso não é nenhuma crítica e não tira o mérito do trabalho, porém, se vamos discutir sobre livros, que seja o modelo adequado. Talvez o Ale, que é autor, possa contribuir comentando minha opinião. Abraços,
Pietro
De: Everton Zanella Alvarenga everton137@gmail.com Para: Mailing list do Capítulo brasileiro da Wikimedia. wikimediabr-l@lists.wikimedia.org Enviadas: Sexta-feira, 20 de Março de 2009 11:42:48 Assunto: Re: [Wikimedia Brasil] Livros didáticos
Sobre a produção de um livro, vejam o que Juliano Spyer diz sobre a produção do livro lançado esses dias, 'Para entender a Internet' http://stoa.usp.br/oerworkshop/files/1333/7925/Para+entender+a +Internet.pdf, que o Ale (o único que removeu a restrição Non Comercial!) divulgou aqui esses dias:
- Receita para fazer livro
http://www.naozero.com.br/making-off-para-entender
2009/3/20 Thomas de Souza Buckup thomasdesouzabuckup@gmail.com:
Uma alternativa seria conversarmos diretamente com alguém da secretaria de educação em sp para chegarmos a um modelo de mutirão
que
contasse com voluntários dos projetos da wikimedia e os professores
em
sp.
Acho uma boa falar com a secretária Maria Helena Guimarães de Castro.
Off-topic:
Vejam uma entrevista dela:
http://arquivoetc.blogspot.com/2008/02/veja-entrevista-maria-helena-guimares...
Veja – Qual seria o melhor caminho para elevar o nível dos professores?
Maria Helena – Num mundo ideal, eu fecharia todas as faculdades de pedagogia do país, até mesmo as mais conceituadas, como a da USP e a da Unicamp, e recomeçaria tudo do zero. Isso porque se consagrou no Brasil um tipo de curso de pedagogia voltado para assuntos exclusivamente teóricos, sem nenhuma conexão com as escolas públicas e suas reais demandas. Esse é um modelo equivocado. No dia-a-dia, os alunos de pedagogia se perdem em longas discussões sobre as grandes questões do universo e os maiores pensadores da humanidade, mas ignoram o básico sobre didática. As faculdades de educação estão muito preocupadas com um discurso ideológico sobre as múltiplas funções transformadoras do ensino. Elas deixam em segundo plano evidências científicas sobre as práticas pedagógicas que de fato funcionam no Brasil e no mundo. Com isso, também prestam o desserviço de divulgar e perpetuar antigos mitos. Ao retirar o foco das questões centrais, esses mitos só atrapalham.
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