Caros,
Li a reportagem da Folha de S.Paulo sobre erros em material didático (abaixo) e, de
imediato, pensei que um trabalho colaborativo para escrever os livros didáticos do ensino
público certamente minimizaria enormemente as incorreções.
A própria reportagem afirma que "todo o conteúdo do material é desenvolvido por
professores indicados pela secretaria". Se alguns professores desenvolvem o material,
por que não todos? Por que todos professores do ensino público estadual não podem redigir
colaborativamente os livros didáticos numa plataforma wiki? Por que os professores não
podem elaborar os livros que eles mesmos utilizam nas suas próprias aulas? Para evitar
erros, existe revisão melhor do que a revisão de milhares de professores de todo Estado de
São Paulo? A revisão cruzada (professores de uma disciplina que revisam livros de outra
disciplina) não reduziria os erros interdisciplinares (erros de português nos livros de
física e erros de estatística nos livros de geografia, por exemplo)? Uma produção coletiva
e colaborativa não aprofundaria a interdisciplinaridade no ensino? Uma produção coletiva
com licenças adequadas não permitiria levar material didático de
grande qualidade ao ensino público de outros estados e até mesmo ao ensino privado?
Enfim, as perspectivas são tantas que eu gastaria dezenas de kB só para enumerá-las. Para
mim, a melhoria imediata e palpável proporcionada pela construção coletiva de livros
didáticos me parece tão óbvia, que fico pensando se não estou deixando de ver algum
problema intransponível.
O que acham?
Abraços,
Joaquim
Livro da rede estadual tem dois Paraguais
Mapa de apostila de geografia dos alunos da 6ª série do ensino fundamental ainda inverte o
Paraguai com o Uruguai
Secretaria da Educação admite erro e afirma que publicou uma errata em seu site;
professores, porém, dizem não ter sido alertados
Juliana Coissi, da Folha Ribeirão
17 de março de 2009
Um livro de geografia distribuído pelo governo paulista aos alunos da sexta série do
ensino fundamental traz duas vezes o Paraguai no mapa da América do Sul e ainda inverte a
localização do Uruguai e Paraguai.
O erro repete-se também no livro do professor. Outra incorreção é a não-inclusão do
Equador no mapa "Fronteiras Permeáveis". Sem isso, o aluno não tem informação
para responder à seguinte questão, na página ao lado: "Quais são os países
sul-americanos que não fazem fronteira com o Brasil?"
A Secretaria da Educação da gestão José Serra (PSDB) diz, em nota, que o erro é de
responsabilidade da empresa que produziu o material e que as escolas já foram alertadas
sobre a falha por meio do site. A Fundação Vanzolini, responsável pela edição, disse que o
material foi produzido por professores indicados pela secretaria.
O material começou a ser distribuído na rede, mas não há informação se já chegoua a todas
as escolas do Estado. A empresa diz que 1,55% dos livros distribuídos têm erros, mas a
Folha localizou o problema em várias cidades.
Um professor de São José do Rio Preto disse que identificou a falha no mapa em sala de
aula. O erro foi motivo de piada entre os alunos. Segundo ele, há erros em quase todos os
cadernos, mas, geralmente, são de grafia, não de informação. Cingapura, por exemplo, foi
grafado com "s". Mas o erro do mapa, diz, "é gravíssimo".
"Um horror e um erro gravíssimo", concorda Sonia Castellar, professora de
metodologia do ensino em geografia do curso de pedagogia da USP (Universidade de São
Paulo).
"Esse material do Estado não está passando por avaliação rigorosa", disse.
Um outro docente de geografia, de Franca, disse já ter notado erros em outras apostilas.
Segundo ele, é comum haver exercícios no caderno do aluno que não se repetem no
livro-manual do professor, e vice-versa, além de exercícios sem resposta no livro do
docente.
Alertado pela Folha ontem, um professor de Ribeirão Preto questionou a direção de sua
escola no início da tarde sobre o erro. No final do dia, recebeu por e-mail um aviso de
que precisaria alterar o material.
Uma coordenadora pedagógica de uma escola estadual de Ribeirão Preto (interior do Estado)
disse que o governo estadual orienta as escolas a periodicamente observar no site as
erratas dos cadernos.
Ela diz que, além do mapa, detectou no site erratas no caderno do aluno de outras séries
nas disciplinas de arte, história, geografia, inglês e matemática. Mas ela não quis
mostrar à Folha esses outros erros.
Outro lado
Secretaria diz que já alertou professores
Em nota, a Secretaria de Estado da Educação afirmou que já havia identificado os erros
apontados no caderno e que já informou os professores de toda a rede, pelo site www.
educacao.sp.gov.br. Mas a errata só pode ser consultada pela direção da escola, por meio
de senha.
A secretaria disse que a falha partiu da Fundação Vanzolini, "que elaborou os mapas e
o projeto gráfico". Diz ainda que o material não será trocado e que a orientação é
que os professores informem seus alunos sobre a correção.
Sobre erratas em outras disciplinas, disse que o erro mais grave foi o do mapa e que o
restante se restringe a erros de grafia ou gabarito. A secretaria não respondeu a outras
perguntas, como o total de cadernos impressos.
A Fundação Vanzolini alega que o erro atingiu 1,55% dos cadernos e que todo o conteúdo do
material é desenvolvido por professores indicados pela secretaria.
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