Joaquim, Tomas
Como bom e velho wikipedista, fico arrepiado, às vezes de vocês não participarem e conhecerem os projetos da Fundação Wikimédia. Não que quem participa seja melhor ou pior, mas é que às vezes vocês sugerem coisas que simplesmente já existem. A Wikipédia é um dos pouquissimos locais da Internet onde portugueses e brasileiros colaboram e convivem entre sí. Temos larga tradição nisso. Eles inclusive tentam também dar um start na pt Wikimédia Outro dia alguém sugeriu a possibilidade de uma Wik em língua dos povos indígenas sem ter a mínima idéia de que já existe uma Wikipédia em guarani (são mais de 200idiomas) e que para começar uma nova basta apenas alguém interessado que saiba escrever no idioma. Outro sugeriu gravar artigos em aúdio para deficiêntes visuais. É só gravar, está tudo pronto para começar, o software, local para arquivar, sintaxe para colocar nos artigos. Os senhores não conhecem o Wikiversidade, não conhecem o Commons, o Wikisource e o Wikilivros. Tomas, o MediaWiki é só o espaço administrativo, a colaboração se dá nos projetos. O que nos falta é pessoal, não projetos colaborativos. Acho que deviamos marcar um encontro para um bate-papo. Aceleraria o entendimento.
Jo Lorib
2008/12/9 Thomas de Souza Buckup thomasdesouzabuckup@gmail.com
Joaquim,
Concordo 100% com o que você escreveu. Também achei bastante interessante e cheio de potencial a idéia de aprofundar o diálogo com a Escola da Ponte. Será que você não estaria interessado em abrir uma página para esse projeto no Meta? Se sim, pode contar com o meu apoio voluntário e de alguns outros contatos que certamente ficarão interessados nessa iniciativa (voluntária, descentralizada, autônoma...). Abraços, Thomas
2008/12/9 Joaquim Mariano da Costa Neto joaquimmariano@yahoo.com.br
Justamente pelo fato de a educação ter vários problemas aos quais são
apresentadas as mais variadas soluções (que são as mais antagônicas possíveis), não podemos querer abraçar todas as iniciativas e todas as soluções. Se o "nosso papel será mostrar um caminho" (acredito que seja o caminho da construção livre, democrática e colaborativa), acho que devemos defender, apoiar e incentivar as propostas cuja orientação coincida com a nossa. Nos casos em que não houver essa coincidência de orientação, podemos e devemos apresentar o caminho de um projeto livre e colaborativo, sem, todavia, sair abraçando aqueles projetos que permanecerem num caminho não livre e não colaborativo.
Isso vale para a educação e para qualquer outro assunto que chegue até
nós. Com exceção da construção livre e colaborativa do conhecimento, não seremos, em princípio, especialistas em nenhum assunto específico, mas teremos iniciativa e percepção para buscar caminhos livres e colaborativos nos mais variados assuntos.
Eu, por exemplo, entendo pouco de educação, mas tenho conhecimento da Escola
da Ponte http://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_da_Ponte, em Portugal, que há décadas desenvolve maravilhosamente bem um projeto de educação livre, democrática e colaborativa. Não é o caso de uma grande convergência de princípios e objetivos? Eles entendem tudo de educação e não vejo razão para não haver uma interação maior entre um movimento como o nosso e o projeto deles. Ambos (Wikimedia Brasil e Escola da Ponte) podem se beneficiar enormemente com essa convergência e uma conseqüente interação. Esse é apenas um exemplo. É um exemplo de concretização trabalhosa, porque o Atlântico nos separa, mas, com Internet, as distâncias ficam um pouco menores. Além disso, não precisamos ir a Portugal para encontrar projetos como o da Escola da Ponte. Ela é o exemplo mais conhecido (e talvez um dos mais bem sucedidos) na comunidade lusófona, mas espero que não seja o único.
Indo além: por que não aproveitar a coincidência de princípios, meios
e objetivos que existe com a Escola da Ponte, fazer a ligação (para não dizer ponte...) entre lá e cá, e ajudar a experimentação desses caminhos em escolas brasileiras (preferencialmente públicas) que demostrem interesse?
Enfim, considerando apenas as opções de caminhar ao lado de projetos
que se coadunem com o nosso, as possibilidades já são inúmeras. Acho que não precisamos e não devemos abraçar quem não compartilha o nosso caminho. A liberdade e a colaboração podem fazer um bem enorme à educação, mas aqueles que querem fazer uma educação opressora e individualista continuarão a existir. Devemos abraçar esses? Acho que não devemos apedrejá-los, mas também acho que não devemos abraçá-los. O nosso trabalho sempre estará à disposição deles, para que aproveitem como quiserem. Estaremos abertos, receptivos e dispostos, mas sempre no caminho da construção livre, democrátiva e colaborativa.
Joaquim Mariano da Costa Neto
*De:* Alexandre Hannud Abdo abdo@usp.br *Para:* Mailing list do Capítulo brasileiro da Wikimedia. < wikimediabr-l@lists.wikimedia.org> *Enviadas:* Terça-feira, 9 de Dezembro de 2008 1:39:42 *Assunto:* Re: [Wikimedia Brasil] Educação
Ni!
Sobre educação:
Acho que o Mutirão deve abraçar todas as iniciativas de ensino, públicas ou privadas, laicas ou não.
Nosso objetivo deve ser mostrar como todas as formas de aprendizado se encontram e beneficiam-se mutuamente no uso de recursos educacionais livres e na construção colaborativa do conhecimento.
Educação é um tema muito mais amplo e profundo do que a parte que nos toca.
Ela permeia desde questões econômicas básicas como igualdade de oportunidades até questões complexas de psicopedagogia organizacional como o papel da hierarquia na sala de aula.
Nós não vamos resolver "o problema da educação", até porque não existe um problema só, nem uma só solução.
Nosso papel será mostrar um caminho, um princípio que pode ser aplicado em qualquer contexto e que, por sua natureza, aproximará a todos para que cada um se beneficie do que o outro tem a oferecer.
Ao mesmo tempo, a educação pública - gratuita, laica e de qualidade - fundamenta qualquer solução política para a educação, porque garante um direto humano e também porque ela detemina o patamar para as demais componentes privadas.
Assim, acho importante que os princípios esclareçam que o ensino público será contemplado com prioridade, mas que todos os espaços de ensino são bem vindos.
Abs,
ale ~~
On Mon, 2008-12-08 at 17:55 -0800, Joaquim Mariano da Costa Neto wrote:
Eu sempre gostei da idéia de aceitar dinheiro de alguém contra quem nós trabalhamos. Pessoalmente, acho que reforça e valoriza o nosso trabalho saber que alguém tentou comprar nossa simpatia e não foi bem sucedido. Não seria interessante se, por exemplo, o Greenpeace recebesse dinheiro da Standard Oil e, mesmo assim, ocupasse as suas refinarias? Obviamente a Standard Oil suspenderia os cheques no dia seguinte. De qualquer forma, acho que isso reforçaria a isenção do Greenpeace.
O problema disso é a mulher de César. Realmente é difícil se fazer acreditar honestamente, quando quem paga as suas contas é justamente quem você diz combater.
Assim, quanto a essa restrição de doação, sou indiferente. Eu sei o que faço e sei que um cheque da Microsoft, por exemplo, não vai mudar o que faço. Como já disse, eu pessoalmente até gostaria de receber um cheque da Microsoft e mostrar para ela que eu continuo defendendo o software livre exatamente como eu defendia.
Se acharem cabível, o ponto de reforço pode ser aprofundado:
- As doações que aceitarmos não serão dedutíveis de qualquer tributo e
não implicarão qualquer privilégio, ônus, obrigação, dependência ou vinculação com o doador. Não receberemos doação de doador que discorde, contrarie ou viole os nossos princípios estabelecidos ou as ações e atividades que empreendemos.
Quanto à democratização do conhecimento, é muito simples: não se alcança a democratização do conhecimento sem que a educação seja democratizada. Sem educação plena, nenhuma Wikipédia consegue democratizar o conhecimento. E para democratizar a educação, ela precisa ser boa, ampla (vertical e horizontalmente), gratuita, excitante (porque pensar e aprender deveriam ser atividades extremamente prazerosas), etc., etc., etc. Pontos sobre financiamento estão rodando. E sobre conhecimento e educação? Vamos?
Joaquim Mariano da Costa Neto
De: Porantim porantim@gmail.com Para: Mailing list do Capítulo brasileiro da Wikimedia. wikimediabr-l@lists.wikimedia.org Enviadas: Segunda-feira, 8 de Dezembro de 2008 22:29:42 Assunto: Re: [Wikimedia Brasil] [Organização]
Joaquim, gostei da sua formulação, mas acho que falta ainda alguma coisa.
Além de declararmos que não vamos nos meter nessa fossa que são as ONGs no Brasil, temos que dizer que nos posicionamos contra o que fazem.
Será que aceitamos dinheiro de qualquer um? O Greenpeace, por exemplo, tem suas contas pagas pela Standard Oil (dona da Exxon Mobil e uma das maiores poluidoras do mundo), através da Fundação Rockefeller [1]. Como pode se dizer sério se quem paga suas contas é quem vc diz combater? Óbvio que o Greenpeace nunca se levantou contra a Exxon ou a SO...
Na mesma linha, se defendemos a democratização do conhecimento, precisamos defender a democratização da educação, sua gratuidade, qualidade e dignidade.
-- Porantim
[1] http://www.rbf.org/grantsdatabase/grantsdatabase_show.htm?doc_id=616987 http://www.undueinfluence.com/greenpeace.htm
2008/12/8 Joaquim Mariano da Costa Neto joaquimmariano@yahoo.com.br
Concordo com todos os pontos colocados pelo Porantim na mensagem abaixo e na justificativa. Se entendi corretamente, a idéia é não aceitar dinheiro público (inclusive aquele dinheiro que é deduzido de impostos, que, na verdade, é dinheiro público cujo destino é resolvido pelo particular) e não aceitar dinheiro mediante contrapartida (prestação de serviço, por exemplo). Nesse sentido, doação privada não dedutível é algo permitido. Assim, talvez fosse interessante reforçar que a doação não nos obriga em nada. Então, uma idéia para um ponto de reforço: - As doações que aceitarmos não serão dedutíveis de qualquer tributo e não implicarão qualquer privilégio, ônus, obrigação, dependência ou vinculação com o doador. Joaquim Mariano da Costa Neto ______________________________________________________________ De: Porantim <porantim@gmail.com> Para: Mailing list do Capítulo brasileiro da Wikimedia. <wikimediabr-l@lists.wikimedia.org> Enviadas: Segunda-feira, 8 de Dezembro de 2008 20:09:36 Assunto: Re: [Wikimedia Brasil] Res: [Organização] Alguns dos pontos que creio que não podemos abrir mão são (falando em financiamento): - Acreditamos que o dinheiro público deve ser usado no serviço público, na escola pública, na saúde pública, no transporte público. - Não aceitamos financiamento público nem direta nem indiretamente. Não aceitamos benefícios fiscais em troca de doações. - Não prestamos serfiços públicos, seja em forma de Oscip, PPP ou qualquer outra. - Cremos na educação pública, gratuita, laica e de qualidade, para todos, em todos os níveis. - Não prestamos nenhum tipo de serviço em troca de paga direta ou indiretamente. Nosso trabalho é voluntário e gratuito. A justificativa e formulação já foram enviadas à lista em 28/11. -- Porantim 2008/12/8 Thomas de Souza Buckup <thomasdesouzabuckup@gmail.com>: > Obrigado Porantim. Sim, ajudaria bastante se você pudesse responder às > perguntas resumidas na minha última mensagem, assim conseguiremos avançar > com a discussão, sabendo também a sua opinião sobre o assunto de forma ainda > mais sistematizada. > > Com relação à [Organização] e [Financiamento], acredito profundamente no que > está escrito nos dois primeiros parágrafos (copiados abaixo) da > primeira proposta para a Carta de Princípios: > > "A Wikimedia Brasil é um espaço aberto para debate, desenho de propostas, > articulação de ações e troca de experiências entre voluntários interessados > em realizar de maneira descentralizada e auto-organizada iniciativas que > promovam produções colaborativas de conhecimentos livres a serviço do > desenvolvimento harmonioso da humanidade. [Organização] > > A Wikimedia Brasil articula com independência e autonomia iniciativas que > podem contar com a colaboração de organizações públicas, privadas e da > sociedade civil, mas, sem representá-las, ou por elas ser representada, em > qualquer esfera." [Financiamento] > > Acredito que o texto acima destaca os elementos fundamentais ("abertura", > "descentralização", "auto-organização", "independência" e "autonomia") para > que voluntários sintam-se sempre engajados e se tornem empoderados para > atuar, independentemente de formatos jurídicos ou condições de financiamento > específicos, que podem se alterar ao longo do tempo de existência desta > comunidade. > > Num primeiro momento, que pode durar poucos anos ou algumas décadas, > considero como adequado o modelo de um movimento que conta exclusivamente > com a dedicação e articulação voluntária de sua comunidade. Mas não tenho a > pretensão de saber ou determinar qual o formato jurídico ou a relação com > potenciais financiadores que deverá existir em 2050. Vejo apenas o > compromisso de assegurarmos hoje que "abertura", "descentralização", > "auto-organização", "independência" e "autonomia" façam parte do modelo > escolhido pela comunidade hoje e em 2050, pois disso "não podemos abrir > mão", respondendo ao comentário da Béria. > > Você é certamente muito bem-vindo a modificar ou detalhar cada um dos pontos > com o seu ponto-de-vista, caso discorde ou concorde com a minha opinião. > > Abraços, > Thomas > > > > > _______________________________________________ > WikimediaBR-l mailing list > WikimediaBR-l@lists.wikimedia.org > https://lists.wikimedia.org/mailman/listinfo/wikimediabr-l > > _______________________________________________ WikimediaBR-l mailing list WikimediaBR-l@lists.wikimedia.org https://lists.wikimedia.org/mailman/listinfo/wikimediabr-l ______________________________________________________________ Veja quais são os assuntos do momento no Yahoo! + Buscados: Top 10 - Celebridades - Música - Esportes _______________________________________________ WikimediaBR-l mailing list WikimediaBR-l@lists.wikimedia.org https://lists.wikimedia.org/mailman/listinfo/wikimediabr-l
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