Raylton, legal ter compartilhado sua reflexão. (escrevendo com meu e-mail pessoal aqui)
Sem tempo de entrar em detalhes, mas ultimamente tenho sentido que há falhas fundamentais por parte da WMF na forma de escolher alguns seus projetos, principalmente por acreditar no grande potencial da comunidade Wikimedia e por estar envolvido em recentes decisões (catalisador, programa de educação etc..). Mas não acho que a resposta para como fazer isso da melhor forma seja trivial, nem sei se houve uma boa discussão aberta sobre como fazer isso (pelo tópico iniciado pelo Chan, já dá para ver que rolou coisa interna, o que não faz sentido para mim).
Do que vi do FDC, o processo me parece tentar ser bastante abrangente, mas ainda centralizador. Como resolver isso? Não faço ideia. Achei legal esse seu relato sobre o google summer of code, mas ainda não entendi bem. Você tem algum link explicando melhor como funciona?
Estou lendo um livro sobre criatividadehttp://www.amazon.com/Creativity-Flow-Psychology-Discovery-Invention/dp/0060928204(ainda no começo) e o autor menciona alguns casos interessantes sobre como empresas tentam manter seus funcionários criativos e gerar esse mar de ideias para ser filtrado de alguma forma, como também cita casos mais conservadores, como a própria academia. E acho que o movimento Wikimedia, assim como a WMF, tendem a ser conservadores. Essa é minha impressão, tendo em vista o pouco que temos visto de inovação no movimento, projetos da Wikimedia e, principalmente, na parte técnica, para onde vai a maior parte dos recursos, é bom lembrar.
E uma coisa que já ia te perguntar e vou fazer agora que mencionou explicitamente. Você trabalha voluntariamente para a WMF ou em projetos que você acredita? Por ter tido um contrato com a organização recentemente, posso dizer que fiz muito trabalho voluntário para ela, mas antes eu NUNCA me vi trabalhando voluntariamente para a organização, mas sim para projetos que acredito e acho importantes, haja WMF ou não. E isso é muito importante para a motivação de um voluntário, pois pode levar a frustrações talvez infundadas se esperarmos algum reconhecimento por parte da organização, que não passa da segunda universidade (ver e-mail "Igreja da razão"), uma pequena ONG aprendendo a crescer e tentando ser global. :)
Abraços,
Tom
Em 29 de abril de 2013 13:10, Raylton P. Sousa raylton.sousa@gmail.comescreveu:
Pegando o impulso do ultimo email do Tom e lembrando que o Rodrigo sempre manda eu compartilhar experiencias e eu sempre tenho preguiça. La vai uma história sobre a organização da mesma malfadada Wikimedia. Sei que não vou parar de falar mais, então tentarei ser breve, mas sei que não vai adiantar.
Enfim, falarei de algo na mesma linha do e-mail do Tom.
Minha pequena experiencia pelo segundo ano julgando/tutorando estudantes para o Google Summer of Code pela Wikimedia. Acho que posso avaliar as diferenças entre as duas abordagens(IEG e GSoC)
Minha opinião é que o IEG está adotando uma abordagem errada, porque ela está criando competição interna entre voluntários. Pense como um voluntário que foi rejeitado:"Eu trabalho de graça por anos para a fundação/movimento e na hora de patrocinar um projeto meu, eu não sou bom o suficiente?"
Muito razoável esse pensamento. Se a pessoa já trabalha para a fundação, como podemos julgar tão friamente o trabalho dela? Eles não são profissionais em escrever propostas maravilhosas, o que elas conhecem são as necessidades da comunidade e é isso que deve ser explorado, e quanto antes percebermos isso, melhor.
Mas vamos ao que interessa: Como podemos financiar boas ideias sem colocar o valor dos voluntários a prova?
Bem aí que entra o GSoC. O Google paga para estudantes "semi profissionais" aplicarem as ideais de uma determinada comunidade.
Ou seja, as ideias são dadas por "voluntários" da comunidade e aplicadas por "profissionais". Geralmente as ideias são coisas simples e o processo de seleção das ideias é muito abrangente, basicamente qualquer coisa que claramente a comunidade precise será aceita.
Então, se a ideia for útil e houver um profissional disposto a trabalhar nisso, a ideia entra na disputa. Geralmente o voluntário que deu a ideia ou que se identificou com a mesma vai tutorar o profissional ensinando como funciona a interface de programação mediawiki e/ou a comunidade. E caso não haja um profissional de qualidade no período em questão, a ideia pode ficar de molho para o próximo período Normalmente os voluntários não propõem a ideia pra ganhar dinheiro, eles simplesmente querem vê-la aplicada.
Mas no IEG quando você mistura "utilidade da ideia", "qualidade do plano de aplicação" e "aptidão profissional" do voluntário. Está claramente maculando o espírito colaborativo e hierarquizando voluntários.
Já quando os voluntários são responsáveis apenas pela ideia ou, ocasionalmente, tutoria. E os profissionais são responsáveis pelo plano de aplicação e pela aptidão profissional, o mesmo fenômeno não acontece porque fica muito claro que o que está sendo julgado não é o valor do voluntário ou a utilidade da sua ideia, mas sim um profissional.
Quem tem o julgamento mais pesado é o profissional e geralmente eles são de fora da comunidade e se forem rejeitados provavelmente não vão achar que a fundação não os valoriza, eles vão entender.
E o mais interessante é que ranqueando pessoas de fora da comunidade não perdemos muito se forem rejeitadas, e ganhamos muito quando são aceitas. Mas quando fazemos isso com pessoas de dentro da comunidade temos muito a perder e nem tanto a ganhar.
Uma outra coisa interessante é que o processo de escolha dos juízes/tutores do GSoC é muito mais aberto que o dos outros segmentos, incluindo do FDC, e os próprios Adms da Wikipédia.
Você não precisa ser especialista nem ser votado, basicamente se você fez contribuições de código com boa fé, você pode ajudar.
Eu me lembro que fui no IRC pedir pra alguém tutorar um estudante que ia trabalhar numa ideia que eu gostava e me disseram que eu mesmo poderia tutorar e participar do comitê. Isso resulta em um grupo maior de pessoas interagindo, tornando as decisões um pouco menos arbitrarias. Percebem? Eu vou decidir pra quais pessoas o Google vai pagar 10 mil reais, e eu nem precisei ganhar 500 votos ou enviar meu DNA por correio. Parece estranho mas tem funcionado por anos.
Quando comecei a editar(esporadicamente) o mediawiki foi a mesma coisa, basicamente me deram a ferramenta e quando eu errava me notificavam.
O mais estranho é que não é uma coisa nova. É só o "assumir boa fé" sendo aplicado.
Xi escrevi demais, por favor, comentem. Foi um sacrifício largar meu acarajé e minha rede e escrever isso.
Mas se vier falar que não é o lugar certo pra dizer isso, dispenso ;)
Abraço!
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