Ni!
Oi Béria e Pietro!
A ponte entre as divergências de vocês é a seguinte linha do meu e-mail:
"Seus efeitos são mais contundentes em regiões sensíveis a essas questões..."
O que a Béria falou está correto, há capítulos bem legais, onde há participação da comunidade e atividades bem desenvolvidas. E burocracia não é o diabo, é uma necessidade da organização social - prevista e aplicada já pelos políticos e filósofos egípcios.
Os problemas que o Pietro ressaltou também existem, há disputas de poder entre e internamente aos capítulos. Só que essa roupa suja eles só lavam cara-a-cara, a comunidade nem fica sabendo.
Há capítulos que estão em racha com a comunidade das wikis, há capítulos que personalizam a voz da comunidade - ainda pior que o Jimbo, - há capítulos que se atolaram na burocracia e questões legais, e há capítulos que são movidos por vaidade.
Isso não se evidencia, porque os grandes capítulos europeus, aqueles que a Béria corretamente cita como exemplos, roubam a cena por desfrutarem de condições favoráveis e distraem o fato do sistema ser desfuncional.
A frase com que introduzi este e-mail tenta chamar atenção a justamente esse problema: o modelo de capítulos é um sistema só funciona na abundância.
O sistema como está mundo afora não iria funcionar no Brasil com a mesma energia e constância que funciona na Europa.
Repetindo alguns pontos: nos próprios EUA isso já refletiu-se com o surgimento dos capítulos por estado. Na espanha isso está para explodir com o capítulo catalão. Na índia o capítulo foi um parto com injeção admirável de recursos externos e já estão surgindo problemas internos que põe em risco a estrutura.
Bom, escrevi bastante para esse assunto. Essa resposta não quer ressuscitar essa discussão, teve mais a intenção de informar as outras discussões, mais positivas, que pretendo responder a seguir! Sugiro focarmos nelas :)
Abs, l e
On 02/22/2011 10:46 AM, Béria Lima wrote:
Comentários:
- Eu não sei porque vocês insistem em chamar organização de
burocratização. Qualquer coisa com o mínino de organização torna-se burocratico na vossa imaginação.
- A comunidade sempre participou das iniciativas dos chapters. Olhe
qualquer evento da WMPT, ou qualquer parceria da WMDE ou WMFR (pra citar as maiores) e vais ver que o "chapter" sempre trabalha junto com "a comunidade".
- Novos caminhos para usuários é coisa para ser definido no
"usability". Apesar de vários chapters estarem a trabalhar para melhorar a interface para usuários e angariar mais usuários em países em desenvolvimento (como o Brasil), isso não pode ser exigido de todos. Mas já que querem citação: WMFR tem "internos" em faculdades e museus, WMDE faz workshops uma vez a cada 15 dias para ensinar as pessoas a editar, WMUK tem um programa semelhante ao da WMDE dentro do Museu Britanico, os membros da WMPT dão cursos sobre introdução ao modelo wiki, a WMIN faz concursos sobre edição, a WMNL ensina as pessoas a fazer upload de fotos no commons, etc, etc, etc. Sem contar o esforco de mais de 7 chapters europeus para organizar o Wiki Loves Monuments 2011. Se vocês pararem de olhar pra dentro o tempo inteiro, iam ver que os chapters funcionam muito bem, obrigada.
- Claro, as pessoas da WMBR não brigam. Nem temos aqui uma tread sobre
o assunto. (não a dizer que os chapters nao brigam, mas que isso não é um problema exclusivo destes - alias, as ofensas que rolam aqui na mailing eu nunca vi nas mailings list dos vários chapters que leio)
- Desculpa lá, mas Jimbo? Quando viste o Jimbo ser citado em qualquer
coisa que envolva os chapters? Ou qualquer parceria que tenha um chapter lá? Pelo contrário, quando Jimbo ta metido, normalmente é em coisas da comunidade e/ou dos multiroes. Nenhum chapter usa o Jimbo como garoto propaganda.
/Béria Lima (Beh) (351) 925 171 484/
No dia 22 de Fevereiro de 2011 12:28, Pietro Roveri <pietro@usp.br mailto:pietro@usp.br> escreveu:
Elementos preocupantes no modelo formado exclusivamente por capítulos e WMF: 1. A burocratização por meio dos capítulos; 2. O descolamento dessas estruturas das comunidades dos projetos; 3. O foco em parcerias negociais ao invés de novos caminhos para voluntários; 4. As pessoas como causas dos problemas; 5. Jimbo como figura de autoridade carismática que respalda essa estrutura; Abraços, Pietro ------------------------------------------------------------------------ *De:* Everton Zanella Alvarenga <everton137@gmail.com <mailto:everton137@gmail.com>> *Para:* Mailing list do Capítulo brasileiro da Wikimedia. <wikimediabr-l@lists.wikimedia.org <mailto:wikimediabr-l@lists.wikimedia.org>> *Enviadas:* Terça-feira, 22 de Fevereiro de 2011 9:16:10 *Assunto:* Re: [Wikimedia Brasil] O espírito wiki e os capítulos da WMF - Re: Res: Chapters Meeting 2011 O documento do Ale vai virar uma pãgina wiki: the born of a new Wikimedia group model - Unchapter, beyond hierarchies, for an inclusive, flat and open participation. :) Poderá ser lançado no dia do chapters meeting! Rs Em 22/02/11, Rodrigo<rodrigopissardini@gmail.com <mailto:rodrigopissardini@gmail.com>> escreveu: > O email do Ale deveria virar um documento na wiki rs. Mesmo com visões > diferentes, foi a melhor abordagem que vi até agora sobre o tema( dos dois > lados). > > Rodrigo > > > Em 22/02/2011, às 05:37, Béria Lima <berialima@gmail.com <mailto:berialima@gmail.com>> escreveu: > >> eu não recomendaria Everton. Até porque não é a nomeclatura usada na WFM. >> >> Ale, depois respondo a tua carta que vai precisar de meia hora do tempo >> (coisa que nao tenho agora) >> _____ >> Béria Lima (Beh) >> (351) 925 171 484 >> >> >> No dia 22 de Fevereiro de 2011 08:34, Everton Zanella Alvarenga >> <everton137@gmail.com <mailto:everton137@gmail.com>> escreveu: >> Como é gostoso quando a discussão fica no plano das idéias, não? >> Espero que ela continue assim, sem ataques pessoais e inflames >> emocionais. Será mais produtivo para todos. >> >> O email do Ale me estimulou a por o mapinha do unchapter no Commons. >> Devo/posso? Rs >> >> Já pensaram daqui uns anos o mapinha todo vermelho, como um vírus >> iniciado por aqui? : D >> >> Abraços! >> >> Tom >> >> Em 22/02/11, Alexandre Hannud Abdo<abdo@member.fsf.org <mailto:abdo@member.fsf.org>> escreveu: >> > Ni! >> > >> > 2011/2/20 Béria Lima <berialima@gmail.com <mailto:berialima@gmail.com>>: >> >>> Esse posicionamento (tanto do "ChapCom" quanto das outras WM*) é muito >> >>> contraditório com o espírito livre do mundo wiki. >> >> >> >> Pelo contrario. Livre nunca significou anarquia, e o que é um chapter >> >> foi >> >> definido anos atras pela WMF e aceito por todos. Se a comunidade do >> >> Brasil >> >> não aceita o modelo, é direito dela, mas não pode reclamar quando os >> >> direitos de um chapter lhe são negados, afinal a regra estava lá o >> >> tempo >> >> todo. Podem querer mudar as regras, mas até lá elas existem para ser >> >> cumpridas. >> > >> > Diego - e demais, o problema é de desenho institucional. >> > >> > A forma como a WMF criou os capítulos, concedendo monopólios regionais >> > a corporações sem fins lucrativos, foi equivocada. >> > >> > Isso que a Béria repete, e que substanciou com a palavra de seus >> > membros, é o conto da sacralidade do modelo que o chapcom vende por >> > aí. Descartando-nos com refutações descontextualizadas de alvos >> > fáceis, mas secundários, enquanto esquivam-se das questões principais, >> > como discutir as críticas feitas e permitir a participação de >> > alternativas nos processos - com qualquer nome que seja. >> > >> > Mas essa sacralidade nem a WMF compra, visto o apoio que temos >> > recebido para desenvolver modelos alternativos de ação. >> > >> > De fato, a WMF encarregara ao Chapcom que nos ajudasse a desenvolver >> > nossa ideia e negociasse como incorporar-nos ao sistema atual. Eles, >> > da forma mais rude possível, recusaram essa tarefa, retornando à WMF a >> > responsabilidade. Foi essa, inclusive, uma das razões que levou a >> > fundação a contratar a Carol, para introduzir oficialmente a >> > discussão. >> > >> > Por que o chapcom fez isso? Por que eles rejeitam tão violentamente >> > qualquer relação conosco, com base num boicote legalista? Bem, vale >> > aqui conhecer um pouco a realidade, que pude testemunhar em dois >> > chapters' meetings e duas Wikimanias, interagindo com mais de uma >> > dúzia de representantes de capítulos e conversando pessoalmente com >> > membros da mesa diretora e funcionários da WMF, tendo inclusive estado >> > em São Francisco visitando a sede. >> > >> > E essa realidade é que o chapters' meeting é uma coisa embaraçosa, >> > para não dizer uma vergonha. A maioria dos chapters são coordenados >> > por gente sem nenhuma experiência em mobilização popular ou >> > institucional, de pouca visão empresarial, e competência estritamente >> > burocrática - quase sempre adquirida de última hora para formatar um >> > estatuto. Não vou entrar no mérito do que eles realizam, mas não há >> > dúvida que todas as vezes que nos apresentamos lá estávamos bem acima >> > da média e da mediana. >> > >> > Até aí, também há capítulos bacanas e bem geridos, ainda que deixem a >> > desjar em alguns aspectos; poderia-se dizer exemplos a serem seguidos. >> > Poderia-se criticar apenas a sede de multiplicar as estruturas sem >> > garantir sua qualidade. Mas essa não é toda a realidade. >> > >> > E tomo então os olhos do Rodrigo, que falou uma coisa acertada: siga o >> > dinheiro. >> > >> > Quase a metade do tempo dos chapters' meetings são gastos discutindo >> > como abocanhar para os capítulos mais direito sobre a marca e mais >> > proeminência na campanha de angariação de fundos. >> > >> > A metade maior do tempo se divide entre questões burocráticas, >> > financeiras, criação de mais capítulos e no que sobrar relatam-se >> > algumas experiências de outreach e parcerias institucionais que seriam >> > muito melhor aproveitadas se melhor documentadas e divulgadas nas >> > wikis ao invés de apresentadas en-petit-comité. >> > >> > A falta de um padrão de transparência, lembrada pelo Tom, é tamanha >> > que eles nem se põe a questão. >> > >> > Por isso eu acho pouco relevante nesse momento que não estejamos ali, >> > ao mesmo tempo em que não sermos bem-vindos é um sinal importante para >> > a WMF. >> > >> > Porque nossa ideia é que podemos mobilizar mais gente e fazer coisas >> > mais sustentáveis sem precisar transferir a gestão de marcas e recuros >> > - isto é, poder sobre a parcela excluível do valor do trabalho de toda >> > a comunidade - a priori e para pequenos grupos autárquicos. E porque >> > não nos dobramos na questão da transparência. >> > >> > Por isso o chapcom é tão avesso ao modelo transparente, participativo >> > e distribuído proposto pela WMBR, pois temem que nos tornemos um vírus >> > que possa contestar a situação do lado de lá. Para completar, alguns >> > de seus membros tem dentro daquele modelo um projeto de poder >> > individual já público de tão escancarado. >> > >> > Bem, agora que já devo ter deixado a Mônica<del><del>Béria espumando >> > (de blincadeila!), permitam-me relembrar a importância de um termo na >> > primeira frase deste e-mail: desenho institucional. >> > >> > Problemas de desenho isntutucional são, como a atual crise econômica >> > internacional, situações onde internamente não há culpados morais, nem >> > ninguém pode ter seu caráter julgado, pois os incentivos foram postos >> > ali para as pessoas agirem daquela forma. Também são problemas >> > difíceis, onde só pessoas em posições privilegiadas e com capacitações >> > específicas enxergam que há um problema. Isso não quer dizer, contudo, >> > que não existam responsabilidades. >> > >> > A WMBR entrou em sua posição privilegiada quando surgiram >> > divergências, já mencionadas pelos Rodrigos, ligadas ao nosso contexto >> > geo-político-econômico-cultural, e enxergamos uma saída do modelo pois >> > tínhamos em nosso meio várias pessoas com conhecimento e experiência >> > em corporações com e sem fins lucrativos, movimentos sociais, >> > políticos, leis e economia, capazes de analisar a situação de maneira >> > a fazer valer um lema das wikis: seja audaz. >> > >> > Assim que, esse escape, como tal, não foi totalmente consciente ou >> > proposital, mas também fruto de acidentes programados. Apenas hoje >> > podemos olhar para trás e entender os acontecimentos nesse contexto >> > mais amplo. >> > >> > Enfim, na minha tentativamente humilde opinião, é esta a situação em >> > que nos encontramos, ou ao menos a que consigo comunicar. >> > >> > >> > Tenho enorme admiração e respeito por muitos membros de capítulos, do >> > chapcom e até por algumas das instituições, mas isso não significa que >> > eles estejam num bom caminho. Soldados honestos e nobres patriotas >> > lutaram também em guerras opressivas. >> > >> > Gerenciar o valor excluível de um projeto comunitário de forma justa é >> > algo terrivelmente complexo e requer avanços e retrocessos. A WMF tem >> > uma estrutura participativa, transparente e minimalista para lidar com >> > isso, e ainda está longe da perfeição. A preocupação do Lugusto e da >> > Béria com a participação de não-wikimedistas nos princípios da WMBR >> > refletia isso. >> > >> > A realidade que testemunhei, com minhas limitações e imperfeições, >> > adicionalmente sugere que a participação de wikimedistas por si não >> > garante o que se desejava no médio prazo: preservar os valores das >> > wikis. Eles encontram-se institucionalmente corrompidos pelo modelo. >> > >> > Como a influência não é explícita, mas sistêmica, os incentivos se >> > alinham a formar uma bolha de capítulos. Vários monopólios regionais >> > sem nenhum padrão de comparabilidade, transparência, participação e, >> > em países continentais ou desiguais, sem garantias de distribuição. >> > >> > Seus efeitos são mais contundentes em regiões sensíveis a essas >> > questões, daí que os estadunidenses notaram primeiro a necessidade de >> > organizarem-se regionalmente e daí que a bolha estourou primeiro aqui, >> > num país continental e imensamente desigual, com um grave déficit de >> > participação e transparência por ter emergido de duas ditaduras no >> > primeiro século de sua república. >> > >> > Para encerrar, sobre nossa responsabilidade nessa situação, de nós ela >> > apenas requer que sigamos dando um bom exemplo, buscando soluções >> > criativas - como foi a própria wikipédia - e não nos percamos os >> > valores que nos definem. >> > >> > Um abraço, >> > >> > ale >> > >> > _______________________________________________ >> > WikimediaBR-l mailing list >> > WikimediaBR-l@lists.wikimedia.org <mailto:WikimediaBR-l@lists.wikimedia.org> >> > https://lists.wikimedia.org/mailman/listinfo/wikimediabr-l >> > >> >> _______________________________________________ >> WikimediaBR-l mailing list >> WikimediaBR-l@lists.wikimedia.org <mailto:WikimediaBR-l@lists.wikimedia.org> >> https://lists.wikimedia.org/mailman/listinfo/wikimediabr-l >> >> _______________________________________________ >> WikimediaBR-l mailing list >> WikimediaBR-l@lists.wikimedia.org <mailto:WikimediaBR-l@lists.wikimedia.org> >> https://lists.wikimedia.org/mailman/listinfo/wikimediabr-l > _______________________________________________ WikimediaBR-l mailing list WikimediaBR-l@lists.wikimedia.org <mailto:WikimediaBR-l@lists.wikimedia.org> https://lists.wikimedia.org/mailman/listinfo/wikimediabr-l _______________________________________________ WikimediaBR-l mailing list WikimediaBR-l@lists.wikimedia.org <mailto:WikimediaBR-l@lists.wikimedia.org> https://lists.wikimedia.org/mailman/listinfo/wikimediabr-l
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