Rodrigo.
Eu sou um desses usuários. Estou sem tempo para editar e, mais do que isso, também estou cansado da Wikipédia e do tom agressivo costumeiro.
Mas os que se sentem assim (incluindo eu) são os desesperados, que querem "consertar" a Wikipédia (como se houvesse algo quebrado), que acham que estão fazendo "A coisa mais importante do mundo", cada um à sua maneira, seja com o preciosismo que mencionou, seja em acreditar que sabe mais do que os outros, seja em buscar mérito pelo que faz. Eu falo isso com a sanidade necessária para dizer que sou um desses editores. Uma discussão que não flui da maneira como eu gostaria me deixa chateado, revoltado, me tira o sono, me impede de fazer outras coisas, enfim, muitas coisas que não me orgulho. Só que todas essas coisas são falhas minhas, pois sou humano.
Por outro lado, sou autocrítico o suficiente para não sair por aí falando mal da Wikipédia, pois sei que um projeto como a Wikipédia não vai crescer com o esforço de um único editor, ou de um grupo qualquer de editores dedicados. A Wikipédia é um projeto sem fim declarado, que estará sempre em revisão e aprimoramento pela *humanidade*. Não haverá um "ponto ótimo" e sempre haverá altos e baixos (e no curto prazo, os pontos baixos serão sempre maiores). Essa é a graça da coisa e é onde está a genialidade de quem propôs o modelo Wiki de edição.
Se não fosse assim que devesse ser, haveria alguma preocupação da WMF em controlar o conteúdo e não simplesmente lançar a enciclopédia a sorte para ver no que dá.
Dizer que a falta de um projeto ou que o afastamento de editores causa qualquer impacto a longo prazo, para mim, é pensar pequeno, muito pequeno.
Não estou dizendo que nosso trabalho é inútil. Projetos podem ser propostos e acho que devem ser sempre bem vindos. Se os nossos editores aprenderem a serem educados, com certeza eles viverão mais (o que rola de ameaça de morte offwiki não é pouco). Mas entenda que tudo isso não faz a menor diferença, pois não é necessário para que o projeto evolua. Talvez isso sirva para acabar com a sanidade dos nossos editores, mas sempre haverá uma nova geração nascendo e surgindo para se perder como a anterior.
Enfim, o mundo não está errado, nunca esteve. Nós que estamos errados. Estamos errados por sermos egocêntricos e acharmos que nossa contribuição ou a de alguém é essencial, quando não é.
--- Diego Queiroz
2015-05-06 10:13 GMT-03:00 Rodrigo Padula rodrigopadula@gmail.com:
Realmente eu acho que uma das maiores falhas da comunidade brasileira é o fato de não reconhecerem que esses problemas REALMENTE EXISTEM.
Se isso fosse mimimi, não veriamos pessoas experientes e com anos de trabalho e muita bagagem dizendo na esplanada "Até mais, pra mim já deu".
Tratamos mal atém quem ajuda muito e no geral recebemos muito mal os novos usuários, falta acompanhamento mais de perto, falta vontade em colaborar com temas e discussões importantes e projetos que agregam ao movimento wikimedia dentre outras questões.
Falta um pouco do conceito de grupo e principalmente grandes esforços de trabalho colaborativo, reflexo disso é o grande nível de insucesso dos WikiProjetos.
Grande parte do trabalho é feito de forma individual, por iniciativas próprias, por isso muitos acabam tratando certas áreas e artigos como o "meu precioso".
Concordo que título e formação não dizem tanto assim, mas um wikipedista responder uma edição de um especialista da área com um "f.... se vc é especialista da área, vc fez m.... e não sabe editar, tá revertido e bloqueado" não ajuda muito.
Boa parte da mídia e da academia brasileira ainda não compreende a dinamica da Wikipédia e de sua comunidade e com o nível de hostilidade atual, continuarão não compreendendo pois quem não é experiente, no geral não é bem-vindo para editar e sem editar não vão pegar experiêcia.
Nem todo mundo nasce com o gene do wikipedista, então, creio que precisamos fazer um esforço para receber melhor quem está chegando. E olha que aninda nem chegamos no tema dos estatutos e pessoas que se candidatam a ajudar mais a fundo e são vetadas por puro capricho de quem tem o poder de colocar mais gente pra dentro do projeto e não o faz.
Então, basicamente eu vejo 2 tipos de usuários, aquele que compra uma camera nova e sai usando e aprende com o erro e aquele que compra uma camera nova, pesquisa na internet, lê o manual, compra um livro e daí começa a tirar as primeiras fotos. Como podemos notar, grande parte dos usuários se enquadram no primeiro caso, se a gente chega pra ele, tomamos a camera e falamos "seu idiota, vc não sabe tirar fotos" , com certeza podemos estar perdendo um grande fotógrafo.
Por isso com certeza precisamos melhorar a comunicação e a forma de tratar os novos usuários. Houve grande investimento de recursos e de tempo da equipe paga pela WMF na produção de conteúdo de ajuda/capacitação em português.
Esse material só foi publicado no commons após vários emails e muita discussão e o material sequer foi divulgado e referenciado por aí. Colocando um bot para enviar mensagens com os links do material para os novos usuários ja ajudaria muito, mas.....
Sobre a Wikipédia em Inglês, a questão não é somente pelo idioma ser mais falado que o PT, contribuições feitas lá são muito mais bem recebidas do que aqui, esse é o grande diferencial.
Enquanto em alguns projetos normalmente é adotado o principio da boa fé... aqui adotamos o da má fé, como se as edições feitas são para promover algo ou para se promover ou então são para gerar números de edições.
Se continuarmos aqui com essa visão de que o mundo está errado, a mídia está errada e que tudo isso é mimimi, nada vai mudar e grandes colaboradores como os que anunciaram sua saida/aposentadoria na esplanada continuarão abandonando o barco...
Atenciosamente
Rodrigo Padula
Em 5 de maio de 2015 21:56, Diego Queiroz queiroz.diego@gmail.com escreveu:
Honestamente, pra mim isso tudo é "mimimi".
Quando eu estava na escola (uns 15 anos atrás), já começavam as discussões sobre os alunos heróis e os preguiçosos: aqueles que tinham que ir à biblioteca fazer uma pesquisa na Barsa e transcrever o texto à mão em uma folha de papel almaço; e aqueles que tinham o Encarta instalada nos seus Windows 95/98 e uma impressora jato-de-tinta à disposição. Afinal, como seria o futuro da geração "copia-e-cola"?
Supondo toda essa história cuspida no blog como real e não fictícia, não consigo imaginar um futuro mais formidável para meus filhos: um futuro em que ninguém mais vai poder pegar em uma enciclopédia e achar que aquilo é, por qualquer motivo, verdade absoluta. Pelo contrário, nossos filhos serão "treinados" desde a escola primária a serem críticos, analisarem a informação, checarem as fontes e questionarem tudo o que for apresentado a eles, já que a maior parte da informação disponível a eles estará imprecisa.
Eu sou pesquisador há vários anos na USP (acho que ela se enquadra no quesito "grande universidade pública") e tenho contato com vários pesquisadores com "pós-doutorado a muito anos" (que os pesquisadores/amigos me perdoem, mas "grande porcaria", como se só um título concedesse autoridade a alguém), e fiquei pasmo ao ver que as eventuais contribuições deles à Wikipédia eram de péssima qualidade: com erros, mal formatadas, faziam uso da primeira pessoa e, obviamente, estavam sem fontes (a maioria dos computadores dos professores na USP possuem IPs fixos, então não é difícil caçar eventuais edições de um computador em particular). Alguns até falavam mal da Wikipédia e do fato de terem sido revertidos, e sempre diziam para os alunos "tomarem cuidado", tudo isso sem sequer tentar entender melhor o projeto e como ele funciona. Achavam que a Wikipédia era terra de ninguém e o fato de pessoas "não tituladas" desfazerem suas edições uma afronta, um rebaixamento à posição deles. Enfim, a livre docência não torna ninguém livre de ignorância.
Por outro lado, quem afirma que a Wiki-EN é, de qualquer forma, melhor gerenciada que a Wiki-PT, não deve mais duvidar disso. O inglês é a língua mais ensinada nas escolas, é a língua dos negócios, etc, etc, etc. Logo, nada mais normal que a de lá seja maior e mais desenvolvida que a daqui. Mas, de forma alguma, isso justifica dizer que lá funciona e aqui não, pois a metodologia é e sempre foi a mesma.
Diego Queiroz
2015-05-05 20:41 GMT-03:00 André Z. D. A. andrezda10@yandex.com:
Não duvido que seja verdade. E até tentei encontrar artigos potenciais
para serem o exemplo claro que a crônica (com sua permissão, para o nome) relata.
Tive edições totalmente desfeitas várias vezes (na conta que tenho atualmente, associada a esse endereço, e outras muitas e muitas edições anônimas que fiz até a cerca de 10 anos atrás, quando comecei a contribuir com mais frequência, e que faço até hoje). Ao invés de serem melhoradas, apontadas ou questionadas, as edições simplesmente são apagadas.
Recentemente, um amigo me contou que um professor, já com pós doutorado a muitos anos, contou que teve as suas edições apagadas na Wikipédia em português. Edições que ele fez de artigos de um assunto que ensina graduação e pós-graduação, e no qual também fez pesquisas importantes. É um professor de uma grande universidade pública. E no fim, a lição que ele deixou é simples: "consultem sempre a Wikipédia em inglês, pois a daqui comete os erros mais básicos, com as ideias mais fáceis das coisas, e não evolui".
E, embora muito insatisfeito e triste de dizer isso, eu tenho que concordar com esse professor. A receptividade e construtividade que acho às edições feitas (falo por mim!) na Wikipédia em inglês e em algumas de outras línguas (embora muito poucas) que às vezes edito, é na maioria das vezes muito melhor que as da nossa - muito.
André
Tá na seção "literatura" do site, pela escrita é um romance, mas não
deixa de ter um viés realístico.
Em 4 de maio de 2015 14:47, Luiz Augusto lugusto@gmail.com escreveu:
Na verdade me soa como um texto ficcional
Em 04/05/2015 13:58, "Victor de Andrade Lopes" <
victordalopes@gmail.com> escreveu:
Não consegui entender de qual artigo exatamente a matéria trata...
Em 3 de maio de 2015 21:38, Marco Aureliopc <
marcoaureliopc@gmail.com> escreveu:
>
http://obviousmag.org/bacalhau_sacopenapa/2015/04/wikipedia-a-enciclopedia-d...
> > Wikipédia, a enciclopédia de luta livre > > publicado em literatura por Luis de Freitas Branco > > A morte do escritor mais conceituado da cidade revela que no ringue
digital só contam os golpes baixos
> > Guilherme era o escritor mais conceituado da sua cidade. Para
muitos, o
> principal favorito a renovar um lugar na Academia Brasileira de
Letras,
> essa organização conceituada, antigo complô de Machado de Assis para > invadir o Brasil. Apesar da corrida pender para seu lado, Guilherme > cometeu um erro básico, morreu, impedindo uma tomada de posse. Foi
um
> choque na cidade, sobretudo para Fred, o amigo e biógrafo oficial do > escritor, que se estendeu num longo discurso de elogios, capa do > principal diário. A morte de Guilherme coincidiu com o fim das
últimas
> entrevistas que deu ao Fred, que preparava um novo lançamento > biográfico. Aproveitando a morte do amigo, Fred decide porque não,
uma
> biografia mais picante. Testando o terreno, começa pela Wikipédia,
sendo
> que qualquer das formas, o texto da página já era da sua autoria. > Atualiza o falecimento, com detalhes calorosos do funeral que
comoveu a
> cidade. Passa para a seção de vida privada e acrescenta um segredo
que o
> escritor confidenciou. Ele tinha uma amante. Manteve essa mulher
toda a
> vida, com apartamento próprio em Jacarepaguá, enquanto o escritor > estava casado, no centro da cidade. > > Os herdeiros sabiam dessa amante e decidem retaliar, negar o caso,
não
> fosse essa mulher decidir gozar parte dos espólios. Na Wikipédia
apagam
> as novidades, mantendo apenas o estado atual do escritor, falecido.
Na
> seção de vida privada deixam também o seu cunho, escrevendo que ele > amava loucamente a mulher. O biógrafo, atento internauta, não tarda
a
> assistir em direto à mudança na página, apagando o escárnio, que ele > sabia que era estratégia dos herdeiros. Na sala carregada de livros > autografados por Guilherme, condena os malditos dos herdeiros. > Fascistas. Venezuelanos. Cubanos. Malditos. Fred não ia certamente > deixar o pensamento da imprensa livre ser assim espezinhado, ia > responder na mesma moeda, na provocação. Furioso, escreve que
Guilherme
> além de ter uma amante durante toda a vida, ainda escondia uma
mulata da
> favela, que tinha vergonha de admitir como namorada. O escritor
tinha
> muitas qualidades, mas defeitos também, sendo o mais célebre um
racismo
> fervoroso, impedindo que esta invenção do biógrafo fosse verdade. > > “Mulata!”, desesperam todos os herdeiros em uníssono, acompanhando
a retaliação do inimigo. “Mentir não.”
> > Apagam logo as calúnias, sublinhando o amor que ele tinha pela
mulher,
> guardando mesmo a virgindade para o casamento, como manda a fé
cristã,
> doutrina que era devoto. > > “Fé cristã!”, ri irônico Fred. “É o desespero”, condena, conhecendo > pessoalmente o ódio do escritor a todas as religiões do planeta. > > Com os dedos aos saltos não perde tempo, teclando ao lado do nome > Guilherme um epíteto, “O Ateu”. Segundo o novo texto ganhou a
alcunha
> quando deu um tapa no bispo da cidade. Volta a copiar o texto da
amante e
> da mulata da favela, acrescentando em grande destaque, uma relação > meramente sexual com um padre da Candelária. Tudo acontecia nas
cabinas
> de confissão, explica. Os herdeiros não estremecem, suam de
excitação e
> voltam ao ataque, dando realce ao amor pela mulher, admitindo mesmo
que
> ele na verdade era castrado desde criança. Ao lado do nome fazem o
seu
> epíteto, “O Eunuco”. Antes mesmo de ler as novidades, Fred estava
pronto
> para o contra-ataque, escrevendo como Guilherme era um conhecido > pedófilo e a grande influência na escrita dele era Lewis Carrol. > Especialmente as fotografias do inglês. Os herdeiros não entenderam
a
> referência, mas apagam mesmo assim, acrescentando a sua versão, > sucedendo uma imediata resposta do biógrafo e outra correção dos > herdeiros. A brincadeira atingiu os seus limites e a Wikipédia
decidiu
> na gerência interromper qualquer futura mudança na página,
congelando as
> ações dos dois lados, estacionando no meio da retaliação mútua. > > “Além de ser um dos nossos representantes mais famosos na > literatura”, continua Gisele, terminando a sua apresentação na sala
de
> aula. “Era também uma figura muito controversa”, acrescenta, se > preparando para ler de seguida a parte gramaticalmente mais
complicada
> da apresentação. “Era um pedófilo famoso, apesar de castrado desde > criança. Quando ficou cego e amputado das mãos, também em criança, > deixou de ter qualquer pensamento ou observação sexual. No entanto,
é
> sabido que ele usava os cotos para violar as domésticas do prédio
onde
> morava”. Gisele não falou das várias amantes e do amor condicional
com a
> mulher, mas achou essa informação menos relevante, tendo em conta
que
> era apenas uma apresentação de dez minutos. > > “Menina Gisele! Saia já da sala! Ordinária!”, reage a professora de
português, surpreendida com a provocação.
> > “Professora fiz toda a consulta na Wikipédia, não estou mentindo”, > explica sem sair da sala, prendendo calmamente o cabelo no lenço da > cabeça. > > “Vamos ver”, sorri a professora, determinada a humilhar a aluna. > > Liga o projetor, que faz de espelho para o visor do computador na
sala
> de aula. Vai à página de Guilherme, na Wikipédia. Bem, acho que é > escusado contar que a Gilete teve a melhor nota da turma. Afinal
foi uma
> excelente apresentação, sem pontapés na gramática. O caixão de > Guilherme, esse estava tudo chutado, de cima abaixo. > > _______________________________________________ > > WikimediaBR-l mailing list > > WikimediaBR-l@lists.wikimedia.org > > https://lists.wikimedia.org/mailman/listinfo/wikimediabr-l
-- Victor de Andrade Lopes Jornalista Membro do Grupo de Usuários Wikimedia no Brasil Twitter | Blog |
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