Russell, nem eu, disse que apensa deve-se ir atrás de conhecimento pelo conhecimento. Atualmente trabalho com informática e computação e, nem por isso, considero inútil todo conhecimento "inútil" de física que estudei formalmente durante 6 anos. Tenho também que trabalhar e nem por isso deixo de desfrutar do conhecimento "inútil" nas horas de lazer (apesar de ter tido pouco tempo para ele ultimamente rs).
"Filósofo de butequim"? Tsc tsc tsc. Só espero não ler isso no artigo em português da Wikipédia sobre o filósofo. :-)
Artigos bons sobre alguns conhecimentos de física e de matemática, por exemplo, é informação que pode-se usar no dia-a-dia. Sendo mais específico, se pego um artigo que explique a lei da inércia (Galilei-Newton), ele pode ser útil para mim no dia-a-dia, assim como pode ser considerado como um excelente assunto para a divagação ociosa, principalmente depois de lermos sobre a relatividade restrita e seus postulados. :-)
Vou tentar definir melhor o que eu quis dizer por conhecimento "inútil" e conhecimento útil depois quando tiver mais tempo. Acho que o Abdo pode ajudar também definindo o que ele quis dizer. Acho que eu ter colocado excertos do capítulo do livro mencionado causou confusão sobre a opinião do Russell e a minha.
[]'s,
Tom
2010/1/20 Rodrigo Pissardini rodrigopissardini@gmail.com:
Só para contrariar o Tom, na minha opinião conhecimento apenas pelo conhecimento é coisa utópica e errônea. Conhecimento tem que estar aliado à sua utilização.Por negligenciar isto que temos faculdades cheias de acadêmicos sem conhecimento prático algum, alunos incapazes de entender e utilizar conceitos de áreas de conhecimento como a matemática etc. Não vou ser radical: poderiamos nos dar ao luxo do conhecimento pelo conhecimento, se nossa vida básica fosse totalmente regulada pelo conhecimento científico, e por ora, estamos bem longe disto. Não temos racionalidade e nem condição de vida confortável para mais da metade da humanidade. Russel era um filósofo de butequim, um aristocrata que poderia se dar ao luxo de dizer estas coisas que mencionou. Muitos de nós não. Uma enciclopédia não deve ter apenas "informação geral", tem que dar ao seu leitor (que geralmente é alguém sem acesso à informação) ferramentas para análise e uso no seu dia-a-dia, e não ser apenas um lugar de divagação ociosa.
Apesar de exageradas, faço minhas as palavras de Conan Doyle pela boca de Sherlock Holmes em Um Estudo em Vermelho neste sentido :
Minha surpresa maior, porém, foi descobrir, incidentalmente, que ele desconhecia a Teoria de Copérnico e a composição do sistema solar. Encontrar um homem civilizado, em pleno século XIX, ignorando que a Terra gira em torno do Sol, era algo dífícil de acreditar, de tão extraordinário.
- Você parece espantado - disse ele, rindo da minha surpresa. - Agora que
sei, farei o possível para esquecer.
- Esquecer?
- Veja bem - explicou. - Para mim, o cérebro humano, em sua origem, é como
um sótão vazio que você pode encher com os móveis que quiser. Um tolo vai entulhá-lo com todo tipo de coisa que for encontrando pelo caminho, de tal forma que o conhecimento que poderia ser-lhe útil ficará soterrado ou, na melhor das hipóteses, tão misturado a outras coisas que não conseguirá encontrá-lo quando necessitar dele. O especialista, ao contrário, é muito cuidadoso com aquilo que coloca em seu sótão cerebral. Guardará apenas as ferramentas de que necessita para seu trabalho, mas dessas terá um grande sortimento mantido na mais perfeita ordem. É um engano pensar que o quartinho tem paredes elásticas que podem ser estendidas à vontade. Chega a hora em que, a cada acréscimo de conhecimento, você esquece algo que já sabia. É da maior importância, portanto, evítar que informações ínúteis ocupem o lugar daquelas que têm utilidade.
- Mas o sistema solar! - protestei.
- O que isso tem a ver comigo? - interrompeu com impaciência. - Você disse
que giramos ao redor do Sol. Se girássemos em torno da Lua, não faria a menor díferença para mim e para meu trabalho. Rodrigo