Cara, show, é isso.
=^)
-- Porantim
2008/12/8 Joaquim Mariano da Costa Neto <joaquimmariano(a)yahoo.com.br>br>:
Eu sempre gostei da idéia de aceitar dinheiro de alguém contra quem nós
trabalhamos. Pessoalmente, acho que reforça e valoriza o nosso trabalho
saber que alguém tentou comprar nossa simpatia e não foi bem sucedido. Não
seria interessante se, por exemplo, o Greenpeace recebesse dinheiro da
Standard Oil e, mesmo assim, ocupasse as suas refinarias? Obviamente a
Standard Oil suspenderia os cheques no dia seguinte. De qualquer forma, acho
que isso reforçaria a isenção do Greenpeace.
O problema disso é a mulher de César. Realmente é difícil se fazer
acreditar honestamente, quando quem paga as suas contas é justamente quem
você diz combater.
Assim, quanto a essa restrição de doação, sou indiferente. Eu sei o que
faço e sei que um cheque da Microsoft, por exemplo, não vai mudar o que
faço. Como já disse, eu pessoalmente até gostaria de receber um cheque da
Microsoft e mostrar para ela que eu continuo defendendo o software livre
exatamente como eu defendia.
Se acharem cabível, o ponto de reforço pode ser aprofundado:
- As doações que aceitarmos não serão dedutíveis de qualquer tributo e não
implicarão qualquer privilégio, ônus, obrigação, dependência ou vinculação
com o doador. Não receberemos doação de doador que discorde, contrarie ou
viole os nossos princípios estabelecidos ou as ações e atividades que
empreendemos.
Quanto à democratização do conhecimento, é muito simples: não se alcança
a democratização do conhecimento sem que a educação seja democratizada. Sem
educação plena, nenhuma Wikipédia consegue democratizar o conhecimento. E
para democratizar a educação, ela precisa ser boa, ampla (vertical e
horizontalmente), gratuita, excitante (porque pensar e aprender deveriam ser
atividades extremamente prazerosas), etc., etc., etc. Pontos sobre
financiamento estão rodando. E sobre conhecimento e educação? Vamos?
Joaquim Mariano da Costa Neto
________________________________
De: Porantim <porantim(a)gmail.com>
Para: Mailing list do Capítulo brasileiro da Wikimedia.
<wikimediabr-l(a)lists.wikimedia.org>
Enviadas: Segunda-feira, 8 de Dezembro de 2008 22:29:42
Assunto: Re: [Wikimedia Brasil] [Organização]
Joaquim, gostei da sua formulação, mas acho que falta ainda alguma coisa.
Além de declararmos que não vamos nos meter nessa fossa que são as ONGs no
Brasil, temos que dizer que nos posicionamos contra o que fazem.
Será que aceitamos dinheiro de qualquer um? O Greenpeace, por exemplo, tem
suas contas pagas pela Standard Oil (dona da Exxon Mobil e uma das maiores
poluidoras do mundo), através da Fundação Rockefeller [1]. Como pode se
dizer sério se quem paga suas contas é quem vc diz combater? Óbvio que o
Greenpeace nunca se levantou contra a Exxon ou a SO...
Na mesma linha, se defendemos a democratização do conhecimento, precisamos
defender a democratização da educação, sua gratuidade, qualidade e
dignidade.
-- Porantim
[1]
http://www.rbf.org/grantsdatabase/grantsdatabase_show.htm?doc_id=616987
http://www.undueinfluence.com/greenpeace.htm
2008/12/8 Joaquim Mariano da Costa Neto <joaquimmariano(a)yahoo.com.br>
Concordo com todos os pontos colocados pelo Porantim na mensagem
abaixo e na justificativa.
Se entendi corretamente, a idéia é não aceitar dinheiro público
(inclusive aquele dinheiro que é deduzido de impostos, que, na verdade, é
dinheiro público cujo destino é resolvido pelo particular) e não aceitar
dinheiro mediante contrapartida (prestação de serviço, por exemplo). Nesse
sentido, doação privada não dedutível é algo permitido. Assim, talvez fosse
interessante reforçar que a doação não nos obriga em nada. Então, uma idéia
para um ponto de reforço:
- As doações que aceitarmos não serão dedutíveis de qualquer tributo e não
implicarão qualquer privilégio, ônus, obrigação, dependência ou vinculação
com o doador.
Joaquim Mariano da Costa Neto
________________________________
De: Porantim <porantim(a)gmail.com>
Para: Mailing list do Capítulo brasileiro da Wikimedia.
<wikimediabr-l(a)lists.wikimedia.org>
Enviadas: Segunda-feira, 8 de Dezembro de 2008 20:09:36
Assunto: Re: [Wikimedia Brasil] Res: [Organização]
Alguns dos pontos que creio que não podemos abrir mão são (falando em
financiamento):
- Acreditamos que o dinheiro público deve ser usado no serviço
público, na escola pública, na saúde pública, no transporte público.
- Não aceitamos financiamento público nem direta nem indiretamente.
Não aceitamos benefícios fiscais em troca de doações.
- Não prestamos serfiços públicos, seja em forma de Oscip, PPP ou
qualquer outra.
- Cremos na educação pública, gratuita, laica e de qualidade, para
todos, em todos os níveis.
- Não prestamos nenhum tipo de serviço em troca de paga direta ou
indiretamente. Nosso trabalho é voluntário e gratuito.
A justificativa e formulação já foram enviadas à lista em 28/11.
-- Porantim
2008/12/8 Thomas de Souza Buckup <thomasdesouzabuckup(a)gmail.com>om>:
Obrigado Porantim. Sim, ajudaria bastante se você
pudesse responder às
perguntas resumidas na minha última mensagem, assim conseguiremos
avançar
com a discussão, sabendo também a sua opinião sobre o assunto de forma
ainda
mais sistematizada.
Com relação à [Organização] e [Financiamento], acredito profundamente no
que
está escrito nos dois primeiros parágrafos (copiados abaixo) da
primeira proposta para a Carta de Princípios:
"A Wikimedia Brasil é um espaço aberto para debate, desenho de
propostas,
articulação de ações e troca de experiências entre voluntários
interessados
em realizar de maneira descentralizada e auto-organizada iniciativas que
promovam produções colaborativas de conhecimentos livres a serviço do
desenvolvimento harmonioso da humanidade. [Organização]
A Wikimedia Brasil articula com independência e autonomia iniciativas
que
podem contar com a colaboração de organizações públicas, privadas e da
sociedade civil, mas, sem representá-las, ou por elas ser representada,
em
qualquer esfera." [Financiamento]
Acredito que o texto acima destaca os elementos fundamentais
("abertura",
"descentralização", "auto-organização", "independência" e
"autonomia")
para
que voluntários sintam-se sempre engajados e se tornem empoderados para
atuar, independentemente de formatos jurídicos ou condições de
financiamento
específicos, que podem se alterar ao longo do tempo de existência desta
comunidade.
Num primeiro momento, que pode durar poucos anos ou algumas décadas,
considero como adequado o modelo de um movimento que conta
exclusivamente
com a dedicação e articulação voluntária de sua comunidade. Mas não
tenho a
pretensão de saber ou determinar qual o formato jurídico ou a relação
com
potenciais financiadores que deverá existir em 2050. Vejo apenas o
compromisso de assegurarmos hoje que "abertura", "descentralização",
"auto-organização", "independência" e "autonomia" façam
parte do modelo
escolhido pela comunidade hoje e em 2050, pois disso "não podemos abrir
mão", respondendo ao comentário da Béria.
Você é certamente muito bem-vindo a modificar ou detalhar cada um dos
pontos
com o seu ponto-de-vista, caso discorde ou concorde com a minha opinião.
Abraços,
Thomas
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