Ni!
Apóio que eventuais doações sejam não-públicas, não-prestadoras e
não-dedutíveis.
Mas não gosto da idéia de restringir seletivamente doações a "quem
concorda conosco".
Isso implicitamente define que "aprovamos" quem nos financiar, ou seja,
informalmente dá um certificado a quem aceitarmos, perante a sociedade,
e isso impõe uma responsabilidade que exige um processo rigoroso e
continuado para aceitarmos uma doação.
Acho irreal imaginar que teremos essa capacidade ou que queremos esse
poder.
A própria noção de que o dinheiro "vem do bem" é muito relativa, pois
poderíamos facilmente encontrar uma situação onde recebemos o dinheiro
dum parceiro "do bem", mas com detrás alguém "do mal" articulando.
Não é nessa camada que evitaremos isso com eficiência e minha percepção
é de que seria de fato negativo para nós.
Se o Greenpeace aceita dinheiro dos petroleiros e deixa de atacá-los
por isso é porque suas ações dependem desse dinheiro. Se não dependessem
não se importariam.
Doa quem quiser, o importante é que os princípios orientem o uso desse
dinheiro de forma que mantenha nossa independência e autonomia.
Portanto essa questão, ao meu ver, move-se para o princípio de que as
atividades devem sustentar-se sem os donativos.
Qualquer dinheiro que vier será usado com critério e pontualmente, mas
não deve ter lugar no coração dos projetos em si.
Outra coisa, se vamos nos estabelecer como Movimento, o quanto essa
discussão de financiamento ainda faz sentido? Como ela precisaria ser
reformulada?
Abs,
PS: Gente, se vamos usar esses "tags" no assunto dos e-mails, então
usemo-los e não abordemos mais de um assunto em cada e-mail. Vamos
também pensando numa maneira de futuramente mover essa discussão pra
wiki de forma que cada tema fique organizado com sua talk page. Mas, por
hora, está sendo bom amadurecer as idéias por aqui.
ale
~~
On Mon, 2008-12-08 at 17:55 -0800, Joaquim Mariano da Costa Neto wrote:
Eu sempre gostei da idéia de aceitar dinheiro de alguém contra
quem nós trabalhamos. Pessoalmente, acho que reforça e valoriza o
nosso trabalho saber que alguém tentou comprar nossa simpatia e não
foi bem sucedido. Não seria interessante se, por exemplo, o Greenpeace
recebesse dinheiro da Standard Oil e, mesmo assim, ocupasse as suas
refinarias? Obviamente a Standard Oil suspenderia os cheques no dia
seguinte. De qualquer forma, acho que isso reforçaria a isenção do
Greenpeace.
O problema disso é a mulher de César. Realmente é difícil se fazer
acreditar honestamente, quando quem paga as suas contas é justamente
quem você diz combater.
Assim, quanto a essa restrição de doação, sou indiferente. Eu sei
o que faço e sei que um cheque da Microsoft, por exemplo, não vai
mudar o que faço. Como já disse, eu pessoalmente até gostaria de
receber um cheque da Microsoft e mostrar para ela que eu continuo
defendendo o software livre exatamente como eu defendia.
Se acharem cabível, o ponto de reforço pode ser aprofundado:
- As doações que aceitarmos não serão dedutíveis de qualquer tributo e
não implicarão qualquer privilégio, ônus, obrigação, dependência ou
vinculação com o doador. Não receberemos doação de doador que
discorde, contrarie ou viole os nossos princípios estabelecidos ou as
ações e atividades que empreendemos.
Quanto à democratização do conhecimento, é muito simples: não se
alcança a democratização do conhecimento sem que a educação seja
democratizada. Sem educação plena, nenhuma Wikipédia consegue
democratizar o conhecimento. E para democratizar a educação, ela
precisa ser boa, ampla (vertical e horizontalmente), gratuita,
excitante (porque pensar e aprender deveriam ser atividades
extremamente prazerosas), etc., etc., etc. Pontos sobre financiamento
estão rodando. E sobre conhecimento e educação? Vamos?
Joaquim Mariano da Costa Neto
______________________________________________________________________
De: Porantim <porantim(a)gmail.com>
Para: Mailing list do Capítulo brasileiro da Wikimedia.
<wikimediabr-l(a)lists.wikimedia.org>
Enviadas: Segunda-feira, 8 de Dezembro de 2008 22:29:42
Assunto: Re: [Wikimedia Brasil] [Organização]
Joaquim, gostei da sua formulação, mas acho que falta ainda alguma
coisa.
Além de declararmos que não vamos nos meter nessa fossa que são as
ONGs no Brasil, temos que dizer que nos posicionamos contra o que
fazem.
Será que aceitamos dinheiro de qualquer um? O Greenpeace, por exemplo,
tem suas contas pagas pela Standard Oil (dona da Exxon Mobil e uma das
maiores poluidoras do mundo), através da Fundação Rockefeller [1].
Como pode se dizer sério se quem paga suas contas é quem vc diz
combater? Óbvio que o Greenpeace nunca se levantou contra a Exxon ou a
SO...
Na mesma linha, se defendemos a democratização do conhecimento,
precisamos defender a democratização da educação, sua gratuidade,
qualidade e dignidade.
-- Porantim
[1]
http://www.rbf.org/grantsdatabase/grantsdatabase_show.htm?doc_id=616987
http://www.undueinfluence.com/greenpeace.htm
2008/12/8 Joaquim Mariano da Costa Neto <joaquimmariano(a)yahoo.com.br>
Concordo com todos os pontos colocados pelo Porantim na
mensagem abaixo e na justificativa.
Se entendi corretamente, a idéia é não aceitar dinheiro
público (inclusive aquele dinheiro que é deduzido de impostos,
que, na verdade, é dinheiro público cujo destino é resolvido
pelo particular) e não aceitar dinheiro mediante contrapartida
(prestação de serviço, por exemplo). Nesse sentido, doação
privada não dedutível é algo permitido. Assim, talvez fosse
interessante reforçar que a doação não nos obriga em nada.
Então, uma idéia para um ponto de reforço:
- As doações que aceitarmos não serão dedutíveis de qualquer
tributo e não implicarão qualquer privilégio, ônus, obrigação,
dependência ou vinculação com o doador.
Joaquim Mariano da Costa Neto
______________________________________________________________
De: Porantim <porantim(a)gmail.com>
Para: Mailing list do Capítulo brasileiro da Wikimedia.
<wikimediabr-l(a)lists.wikimedia.org>
Enviadas: Segunda-feira, 8 de Dezembro de 2008 20:09:36
Assunto: Re: [Wikimedia Brasil] Res: [Organização]
Alguns dos pontos que creio que não podemos abrir mão são
(falando em
financiamento):
- Acreditamos que o dinheiro público deve ser usado no serviço
público, na escola pública, na saúde pública, no transporte
público.
- Não aceitamos financiamento público nem direta nem
indiretamente.
Não aceitamos benefícios fiscais em troca de doações.
- Não prestamos serfiços públicos, seja em forma de Oscip, PPP
ou
qualquer outra.
- Cremos na educação pública, gratuita, laica e de qualidade,
para
todos, em todos os níveis.
- Não prestamos nenhum tipo de serviço em troca de paga direta
ou
indiretamente. Nosso trabalho é voluntário e gratuito.
A justificativa e formulação já foram enviadas à lista em
28/11.
-- Porantim
2008/12/8 Thomas de Souza Buckup
<thomasdesouzabuckup(a)gmail.com>om>:
Obrigado Porantim. Sim, ajudaria bastante se você
pudesse
responder às
perguntas resumidas na minha última mensagem,
assim
conseguiremos avançar
com a discussão, sabendo também a sua opinião
sobre o
assunto de forma ainda
mais sistematizada.
Com relação à [Organização] e [Financiamento], acredito
profundamente no
que
está escrito nos dois primeiros parágrafos
(copiados abaixo)
da
primeira proposta para a Carta de Princípios:
"A Wikimedia Brasil é um espaço aberto para debate, desenho
de
propostas,
articulação de ações e troca de experiências
entre
voluntários interessados
em realizar de maneira descentralizada e
auto-organizada
iniciativas que
promovam produções colaborativas de conhecimentos
livres a
serviço do
desenvolvimento harmonioso da humanidade.
[Organização]
A Wikimedia Brasil articula com independência e autonomia
iniciativas que
podem contar com a colaboração de organizações
públicas,
privadas e da
sociedade civil, mas, sem representá-las, ou por
elas ser
representada, em
qualquer esfera." [Financiamento]
Acredito que o texto acima destaca os elementos fundamentais
("abertura",
"descentralização",
"auto-organização", "independência" e
"autonomia") para
que voluntários sintam-se sempre engajados e se
tornem
empoderados para
atuar, independentemente de formatos jurídicos ou
condições
de financiamento
específicos, que podem se alterar ao longo do
tempo de
existência desta
comunidade.
Num primeiro momento, que pode durar poucos anos ou algumas
décadas,
considero como adequado o modelo de um movimento
que conta
exclusivamente
com a dedicação e articulação voluntária de sua
comunidade.
Mas não tenho a
pretensão de saber ou determinar qual o formato
jurídico ou
a relação com
potenciais financiadores que deverá existir em
2050. Vejo
apenas o
compromisso de assegurarmos hoje que
"abertura",
"descentralização",
"auto-organização",
"independência" e "autonomia" façam
parte do modelo
escolhido pela comunidade hoje e em 2050, pois
disso "não
podemos abrir
mão", respondendo ao comentário da Béria.
Você é certamente muito bem-vindo a modificar ou detalhar
cada um dos
pontos
com o seu ponto-de-vista, caso discorde ou
concorde com a
minha opinião.
Abraços,
Thomas
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