Ni!
On 05/22/2010 01:12 PM, bvh wrote:
Não estendo este conceito a software, por exemplo, pq
é bem diferente.
Desenvolver um software é "trabalho". Depende de conhecimento adquirido.
Arte não deveria ser trabalho. Se 'escrevo' desde antes de saber
escrever (ditava para quem soubesse), devo receber pagamento por algo q
é um "dom"? Se recebi um dom q não foi dado a todos, devo ser
recompensada por isso com grana? O dom em si já não é privilégio q
chegue? Estou soando pretensiosa?
BVH, você dá um motivo bastante peculiar para sua posição de liberdade.
Não sei dizer se é esse raciocínio que motiva a maior parte do movimento
de cultura livre, mas quero apenas observar que seu argumento aplica-se
perfeitamente ao software e, se você não entende, é apenas porque não é
uma programadora apaixonada como é uma escritora.
Programar e ver seu programa realizar a tarefa proposta com perfeição dá
um tesão tão natural quanto terminar um poema emocionante ou uma
escultura. O tal do "parla!".
Acontece que, em ambos os casos, o interesse da sociedade e portanto de
um governo democrático não é promover aquilo que as pessoas sofrem pra
fazer, mas promover a produção do que a sociedade quer, independente do
executor sofrer ou ter prazer em fazê-lo.
Assim, não dá pra argumentar que apenas pela pessoa ter tesão em fazer
algo que esse algo não precisa ser promovido. O que pode-se argumentar é
que ele não precisa ser promovido através da proibição de seu uso quando
não licenciado pelo autor.
O grande engodo é a idéia de que o autor vai produzir mais se tiver o
direito de monopolizar o uso da sua obra. Ou que isso é necessário para
que exista uma forma organizada de promovê-lo. Esta é a grande mentira
que está por detrás do sistema de direito patrimonial do autor.
A arte, como a programação, também é um serviço que pode ser oferecido
em troca de dinheiro, como o teu serviço de supervisão literária, e isso
nada tem a ver com monopólios ou restrições. Da mesma forma, existe um
mercado de encomendas, como existe ainda a promoção pela coletiva da
cultura, com total liberdade, seja na forma de incentivos do Estado ou
de uma economia da dádiva, como a que mantém a infraestrutura dos
projetos Wikimedia.
As editoras, assim como as empresas de tecnologia de informação,
precisam se adaptar a esse mercado de serviços e abandonar a dependência
dos monopólios intelectuais que, por fatos básicos da economia de
mercado, prejudicam toda a sociedade.
E os autores, despertar para sua autonomia e clamar sua liberdade, junto
com as responsabilidades que essa nova realidade conduz. E conduz a
todos nós, pois a qualidade de autor foi sempre uma figura de mercado,
nunca uma realidade humana.
Abreijos,
ale
~~