[Wikimedia Brasil] [Financiamento]

Alexandre Hannud Abdo abdo em usp.br
Terça Dezembro 9 02:43:36 UTC 2008


Ni!

 Apóio que eventuais doações sejam não-públicas, não-prestadoras e
não-dedutíveis.

 Mas não gosto da idéia de restringir seletivamente doações a "quem
concorda conosco".

 Isso implicitamente define que "aprovamos" quem nos financiar, ou seja,
informalmente dá um certificado a quem aceitarmos, perante a sociedade,
e isso impõe uma responsabilidade que exige um processo rigoroso e
continuado para aceitarmos uma doação.

 Acho irreal imaginar que teremos essa capacidade ou que queremos esse
poder.

 A própria noção de que o dinheiro "vem do bem" é muito relativa, pois
poderíamos facilmente encontrar uma situação onde recebemos o dinheiro
dum parceiro "do bem", mas com detrás  alguém "do mal" articulando.

 Não é nessa camada que evitaremos isso com eficiência e minha percepção
é de que seria de fato negativo para nós.

 Se o Greenpeace aceita dinheiro dos petroleiros e deixa de atacá-los
por isso é porque suas ações dependem desse dinheiro. Se não dependessem
não se importariam.

 Doa quem quiser, o importante é que os princípios orientem o uso desse
dinheiro de forma que mantenha nossa independência e autonomia.

 Portanto essa questão, ao meu ver, move-se para o princípio de que as
atividades devem sustentar-se sem os donativos.

 Qualquer dinheiro que vier será usado com critério e pontualmente, mas
não deve ter lugar no coração dos projetos em si.

 Outra coisa, se vamos nos estabelecer como Movimento, o quanto essa
discussão de financiamento ainda faz sentido? Como ela precisaria ser
reformulada?

Abs,

PS: Gente, se vamos usar esses "tags" no assunto dos e-mails, então
usemo-los e não abordemos mais de um assunto em cada e-mail. Vamos
também pensando numa maneira de futuramente mover essa discussão pra
wiki de forma que cada tema fique organizado com sua talk page. Mas, por
hora, está sendo bom amadurecer as idéias por aqui.

ale
~~


On Mon, 2008-12-08 at 17:55 -0800, Joaquim Mariano da Costa Neto wrote:
> 
>     Eu sempre gostei da idéia de aceitar dinheiro de alguém contra
> quem nós trabalhamos. Pessoalmente, acho que reforça e valoriza o
> nosso trabalho saber que alguém tentou comprar nossa simpatia e não
> foi bem sucedido. Não seria interessante se, por exemplo, o Greenpeace
> recebesse dinheiro da Standard Oil e, mesmo assim, ocupasse as suas
> refinarias? Obviamente a Standard Oil suspenderia os cheques no dia
> seguinte. De qualquer forma, acho que isso reforçaria a isenção do
> Greenpeace.
> 
>     O problema disso é a mulher de César. Realmente é difícil se fazer
> acreditar honestamente, quando quem paga as suas contas é justamente
> quem você diz combater.
> 
>     Assim, quanto a essa restrição de doação, sou indiferente. Eu sei
> o que faço e sei que um cheque da Microsoft, por exemplo, não vai
> mudar o que faço. Como já disse, eu pessoalmente até gostaria de
> receber um cheque da Microsoft e mostrar para ela que eu continuo
> defendendo o software livre exatamente como eu defendia.
> 
>     Se acharem cabível, o ponto de reforço pode ser aprofundado:
> 
> - As doações que aceitarmos não serão dedutíveis de qualquer tributo e
> não implicarão qualquer privilégio, ônus, obrigação, dependência ou
> vinculação com o doador. Não receberemos doação de doador que
> discorde, contrarie ou viole os nossos princípios estabelecidos ou as
> ações e atividades que empreendemos.
> 
>     Quanto à democratização do conhecimento, é muito simples: não se
> alcança a democratização do conhecimento sem que a educação seja
> democratizada. Sem educação plena, nenhuma Wikipédia consegue
> democratizar o conhecimento. E para democratizar a educação, ela
> precisa ser boa, ampla (vertical e horizontalmente), gratuita,
> excitante (porque pensar e aprender deveriam ser atividades
> extremamente prazerosas), etc., etc., etc. Pontos sobre financiamento
> estão rodando. E sobre conhecimento e educação? Vamos?
> 
>         Joaquim Mariano da Costa Neto
> 
> 
> 
> 
> 
> ______________________________________________________________________
> De: Porantim <porantim em gmail.com>
> Para: Mailing list do Capítulo brasileiro da Wikimedia.
> <wikimediabr-l em lists.wikimedia.org>
> Enviadas: Segunda-feira, 8 de Dezembro de 2008 22:29:42
> Assunto: Re: [Wikimedia Brasil] [Organização]
> 
> Joaquim, gostei da sua formulação, mas acho que falta ainda alguma
> coisa.
> 
> Além de declararmos que não vamos nos meter nessa fossa que são as
> ONGs no Brasil, temos que dizer que nos posicionamos contra o que
> fazem.
> 
> Será que aceitamos dinheiro de qualquer um? O Greenpeace, por exemplo,
> tem suas contas pagas pela Standard Oil (dona da Exxon Mobil e uma das
> maiores poluidoras do mundo), através da Fundação Rockefeller [1].
> Como pode se dizer sério se quem paga suas contas é quem vc diz
> combater? Óbvio que o Greenpeace nunca se levantou contra a Exxon ou a
> SO...
> 
> Na mesma linha, se defendemos a democratização do conhecimento,
> precisamos defender a democratização da educação, sua gratuidade,
> qualidade e dignidade.
> 
> -- Porantim
> 
> 
> [1]
> http://www.rbf.org/grantsdatabase/grantsdatabase_show.htm?doc_id=616987
> http://www.undueinfluence.com/greenpeace.htm
> 
> 
> 
> 2008/12/8 Joaquim Mariano da Costa Neto <joaquimmariano em yahoo.com.br>
>         
>             Concordo com todos os pontos colocados pelo Porantim na
>         mensagem abaixo e na justificativa.
>         
>             Se entendi corretamente, a idéia é não aceitar dinheiro
>         público (inclusive aquele dinheiro que é deduzido de impostos,
>         que, na verdade, é dinheiro público cujo destino é resolvido
>         pelo particular) e não aceitar dinheiro mediante contrapartida
>         (prestação de serviço, por exemplo). Nesse sentido, doação
>         privada não dedutível é algo permitido. Assim, talvez fosse
>         interessante reforçar que a doação não nos obriga em nada.
>         Então, uma idéia para um ponto de reforço:
>         
>         - As doações que aceitarmos não serão dedutíveis de qualquer
>         tributo e não implicarão qualquer privilégio, ônus, obrigação,
>         dependência ou vinculação com o doador.
>         
>         
>                 Joaquim Mariano da Costa Neto
>         
>         
>         
>         
>         
>         ______________________________________________________________
>         De: Porantim <porantim em gmail.com>
>         Para: Mailing list do Capítulo brasileiro da Wikimedia.
>         <wikimediabr-l em lists.wikimedia.org>
>         
>         Enviadas: Segunda-feira, 8 de Dezembro de 2008 20:09:36
>         
>         Assunto: Re: [Wikimedia Brasil] Res: [Organização]
>         
>         
>         
>         Alguns dos pontos que creio que não podemos abrir mão são
>         (falando em
>         financiamento):
>         
>         - Acreditamos que o dinheiro público deve ser usado no serviço
>         público, na escola pública, na saúde pública, no transporte
>         público.
>         
>         - Não aceitamos financiamento público nem direta nem
>         indiretamente.
>         Não aceitamos benefícios fiscais em troca de doações.
>         
>         - Não prestamos serfiços públicos, seja em forma de Oscip, PPP
>         ou
>         qualquer outra.
>         
>         - Cremos na educação pública, gratuita, laica e de qualidade,
>         para
>         todos, em todos os níveis.
>         
>         - Não prestamos nenhum tipo de serviço em troca de paga direta
>         ou
>         indiretamente. Nosso trabalho é voluntário e gratuito.
>         
>         A  justificativa e formulação já foram enviadas à lista em
>         28/11.
>         
>         -- Porantim
>         
>         
>         
>         2008/12/8 Thomas de Souza Buckup
>         <thomasdesouzabuckup em gmail.com>:
>         > Obrigado Porantim. Sim, ajudaria bastante se você pudesse
>         responder às
>         > perguntas resumidas na minha última mensagem, assim
>         conseguiremos avançar
>         > com a discussão, sabendo também a sua opinião sobre o
>         assunto de forma ainda
>         > mais sistematizada.
>         >
>         > Com relação à [Organização] e [Financiamento], acredito
>         profundamente no que
>         > está escrito nos dois primeiros parágrafos (copiados abaixo)
>         da
>         > primeira proposta para a Carta de Princípios:
>         >
>         > "A Wikimedia Brasil é um espaço aberto para debate, desenho
>         de propostas,
>         > articulação de ações e troca de experiências entre
>         voluntários interessados
>         > em realizar de maneira descentralizada e auto-organizada
>         iniciativas que
>         > promovam produções colaborativas de conhecimentos livres a
>         serviço do
>         > desenvolvimento harmonioso da humanidade. [Organização]
>         >
>         > A Wikimedia Brasil articula com independência e autonomia
>         iniciativas que
>         > podem contar com a colaboração de organizações públicas,
>         privadas e da
>         > sociedade civil, mas, sem representá-las, ou por elas ser
>         representada, em
>         > qualquer esfera." [Financiamento]
>         >
>         > Acredito que o texto acima destaca os elementos fundamentais
>         ("abertura",
>         > "descentralização", "auto-organização", "independência" e
>         "autonomia") para
>         > que voluntários sintam-se sempre engajados e se tornem
>         empoderados para
>         > atuar, independentemente de formatos jurídicos ou condições
>         de financiamento
>         > específicos, que podem se alterar ao longo do tempo de
>         existência desta
>         > comunidade.
>         >
>         > Num primeiro momento, que pode durar poucos anos ou algumas
>         décadas,
>         > considero como adequado o modelo de um movimento que conta
>         exclusivamente
>         > com a dedicação e articulação voluntária de sua comunidade.
>         Mas não tenho a
>         > pretensão de saber ou determinar qual o formato jurídico ou
>         a relação com
>         > potenciais financiadores que deverá existir em 2050. Vejo
>         apenas o
>         > compromisso de assegurarmos hoje que "abertura",
>         "descentralização",
>         > "auto-organização", "independência" e "autonomia" façam
>         parte do modelo
>         > escolhido pela comunidade hoje e em 2050, pois disso "não
>         podemos abrir
>         > mão", respondendo ao comentário da Béria.
>         >
>         > Você é certamente muito bem-vindo a modificar ou detalhar
>         cada um dos pontos
>         > com o seu ponto-de-vista, caso discorde ou concorde com a
>         minha opinião.
>         >
>         > Abraços,
>         > Thomas
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