[Wikimedia Brasil] O espírito wiki e os capítulos da WMF - Re: Res: Chapters Meeting 2011
Rodrigo
rodrigopissardini em gmail.com
Terça Fevereiro 22 12:27:59 UTC 2011
Não discordo.
Rodrigo
Em 22/02/2011, às 09:16, Everton Zanella Alvarenga <everton137 em gmail.com> escreveu:
> O documento do Ale vai virar uma pãgina wiki: the born of a new
> Wikimedia group model - Unchapter, beyond hierarchies, for an
> inclusive, flat and open participation. :)
>
> Poderá ser lançado no dia do chapters meeting! Rs
>
> Em 22/02/11, Rodrigo<rodrigopissardini em gmail.com> escreveu:
>> O email do Ale deveria virar um documento na wiki rs. Mesmo com visões
>> diferentes, foi a melhor abordagem que vi até agora sobre o tema( dos dois
>> lados).
>>
>> Rodrigo
>>
>>
>> Em 22/02/2011, às 05:37, Béria Lima <berialima em gmail.com> escreveu:
>>
>>> eu não recomendaria Everton. Até porque não é a nomeclatura usada na WFM.
>>>
>>> Ale, depois respondo a tua carta que vai precisar de meia hora do tempo
>>> (coisa que nao tenho agora)
>>> _____
>>> Béria Lima (Beh)
>>> (351) 925 171 484
>>>
>>>
>>> No dia 22 de Fevereiro de 2011 08:34, Everton Zanella Alvarenga
>>> <everton137 em gmail.com> escreveu:
>>> Como é gostoso quando a discussão fica no plano das idéias, não?
>>> Espero que ela continue assim, sem ataques pessoais e inflames
>>> emocionais. Será mais produtivo para todos.
>>>
>>> O email do Ale me estimulou a por o mapinha do unchapter no Commons.
>>> Devo/posso? Rs
>>>
>>> Já pensaram daqui uns anos o mapinha todo vermelho, como um vírus
>>> iniciado por aqui? : D
>>>
>>> Abraços!
>>>
>>> Tom
>>>
>>> Em 22/02/11, Alexandre Hannud Abdo<abdo em member.fsf.org> escreveu:
>>>> Ni!
>>>>
>>>> 2011/2/20 Béria Lima <berialima em gmail.com>:
>>>>>> Esse posicionamento (tanto do "ChapCom" quanto das outras WM*) é muito
>>>>>> contraditório com o espírito livre do mundo wiki.
>>>>>
>>>>> Pelo contrario. Livre nunca significou anarquia, e o que é um chapter
>>>>> foi
>>>>> definido anos atras pela WMF e aceito por todos. Se a comunidade do
>>>>> Brasil
>>>>> não aceita o modelo, é direito dela, mas não pode reclamar quando os
>>>>> direitos de um chapter lhe são negados, afinal a regra estava lá o
>>>>> tempo
>>>>> todo. Podem querer mudar as regras, mas até lá elas existem para ser
>>>>> cumpridas.
>>>>
>>>> Diego - e demais, o problema é de desenho institucional.
>>>>
>>>> A forma como a WMF criou os capítulos, concedendo monopólios regionais
>>>> a corporações sem fins lucrativos, foi equivocada.
>>>>
>>>> Isso que a Béria repete, e que substanciou com a palavra de seus
>>>> membros, é o conto da sacralidade do modelo que o chapcom vende por
>>>> aí. Descartando-nos com refutações descontextualizadas de alvos
>>>> fáceis, mas secundários, enquanto esquivam-se das questões principais,
>>>> como discutir as críticas feitas e permitir a participação de
>>>> alternativas nos processos - com qualquer nome que seja.
>>>>
>>>> Mas essa sacralidade nem a WMF compra, visto o apoio que temos
>>>> recebido para desenvolver modelos alternativos de ação.
>>>>
>>>> De fato, a WMF encarregara ao Chapcom que nos ajudasse a desenvolver
>>>> nossa ideia e negociasse como incorporar-nos ao sistema atual. Eles,
>>>> da forma mais rude possível, recusaram essa tarefa, retornando à WMF a
>>>> responsabilidade. Foi essa, inclusive, uma das razões que levou a
>>>> fundação a contratar a Carol, para introduzir oficialmente a
>>>> discussão.
>>>>
>>>> Por que o chapcom fez isso? Por que eles rejeitam tão violentamente
>>>> qualquer relação conosco, com base num boicote legalista? Bem, vale
>>>> aqui conhecer um pouco a realidade, que pude testemunhar em dois
>>>> chapters' meetings e duas Wikimanias, interagindo com mais de uma
>>>> dúzia de representantes de capítulos e conversando pessoalmente com
>>>> membros da mesa diretora e funcionários da WMF, tendo inclusive estado
>>>> em São Francisco visitando a sede.
>>>>
>>>> E essa realidade é que o chapters' meeting é uma coisa embaraçosa,
>>>> para não dizer uma vergonha. A maioria dos chapters são coordenados
>>>> por gente sem nenhuma experiência em mobilização popular ou
>>>> institucional, de pouca visão empresarial, e competência estritamente
>>>> burocrática - quase sempre adquirida de última hora para formatar um
>>>> estatuto. Não vou entrar no mérito do que eles realizam, mas não há
>>>> dúvida que todas as vezes que nos apresentamos lá estávamos bem acima
>>>> da média e da mediana.
>>>>
>>>> Até aí, também há capítulos bacanas e bem geridos, ainda que deixem a
>>>> desjar em alguns aspectos; poderia-se dizer exemplos a serem seguidos.
>>>> Poderia-se criticar apenas a sede de multiplicar as estruturas sem
>>>> garantir sua qualidade. Mas essa não é toda a realidade.
>>>>
>>>> E tomo então os olhos do Rodrigo, que falou uma coisa acertada: siga o
>>>> dinheiro.
>>>>
>>>> Quase a metade do tempo dos chapters' meetings são gastos discutindo
>>>> como abocanhar para os capítulos mais direito sobre a marca e mais
>>>> proeminência na campanha de angariação de fundos.
>>>>
>>>> A metade maior do tempo se divide entre questões burocráticas,
>>>> financeiras, criação de mais capítulos e no que sobrar relatam-se
>>>> algumas experiências de outreach e parcerias institucionais que seriam
>>>> muito melhor aproveitadas se melhor documentadas e divulgadas nas
>>>> wikis ao invés de apresentadas en-petit-comité.
>>>>
>>>> A falta de um padrão de transparência, lembrada pelo Tom, é tamanha
>>>> que eles nem se põe a questão.
>>>>
>>>> Por isso eu acho pouco relevante nesse momento que não estejamos ali,
>>>> ao mesmo tempo em que não sermos bem-vindos é um sinal importante para
>>>> a WMF.
>>>>
>>>> Porque nossa ideia é que podemos mobilizar mais gente e fazer coisas
>>>> mais sustentáveis sem precisar transferir a gestão de marcas e recuros
>>>> - isto é, poder sobre a parcela excluível do valor do trabalho de toda
>>>> a comunidade - a priori e para pequenos grupos autárquicos. E porque
>>>> não nos dobramos na questão da transparência.
>>>>
>>>> Por isso o chapcom é tão avesso ao modelo transparente, participativo
>>>> e distribuído proposto pela WMBR, pois temem que nos tornemos um vírus
>>>> que possa contestar a situação do lado de lá. Para completar, alguns
>>>> de seus membros tem dentro daquele modelo um projeto de poder
>>>> individual já público de tão escancarado.
>>>>
>>>> Bem, agora que já devo ter deixado a Mônica<del><del>Béria espumando
>>>> (de blincadeila!), permitam-me relembrar a importância de um termo na
>>>> primeira frase deste e-mail: desenho institucional.
>>>>
>>>> Problemas de desenho isntutucional são, como a atual crise econômica
>>>> internacional, situações onde internamente não há culpados morais, nem
>>>> ninguém pode ter seu caráter julgado, pois os incentivos foram postos
>>>> ali para as pessoas agirem daquela forma. Também são problemas
>>>> difíceis, onde só pessoas em posições privilegiadas e com capacitações
>>>> específicas enxergam que há um problema. Isso não quer dizer, contudo,
>>>> que não existam responsabilidades.
>>>>
>>>> A WMBR entrou em sua posição privilegiada quando surgiram
>>>> divergências, já mencionadas pelos Rodrigos, ligadas ao nosso contexto
>>>> geo-político-econômico-cultural, e enxergamos uma saída do modelo pois
>>>> tínhamos em nosso meio várias pessoas com conhecimento e experiência
>>>> em corporações com e sem fins lucrativos, movimentos sociais,
>>>> políticos, leis e economia, capazes de analisar a situação de maneira
>>>> a fazer valer um lema das wikis: seja audaz.
>>>>
>>>> Assim que, esse escape, como tal, não foi totalmente consciente ou
>>>> proposital, mas também fruto de acidentes programados. Apenas hoje
>>>> podemos olhar para trás e entender os acontecimentos nesse contexto
>>>> mais amplo.
>>>>
>>>> Enfim, na minha tentativamente humilde opinião, é esta a situação em
>>>> que nos encontramos, ou ao menos a que consigo comunicar.
>>>>
>>>>
>>>> Tenho enorme admiração e respeito por muitos membros de capítulos, do
>>>> chapcom e até por algumas das instituições, mas isso não significa que
>>>> eles estejam num bom caminho. Soldados honestos e nobres patriotas
>>>> lutaram também em guerras opressivas.
>>>>
>>>> Gerenciar o valor excluível de um projeto comunitário de forma justa é
>>>> algo terrivelmente complexo e requer avanços e retrocessos. A WMF tem
>>>> uma estrutura participativa, transparente e minimalista para lidar com
>>>> isso, e ainda está longe da perfeição. A preocupação do Lugusto e da
>>>> Béria com a participação de não-wikimedistas nos princípios da WMBR
>>>> refletia isso.
>>>>
>>>> A realidade que testemunhei, com minhas limitações e imperfeições,
>>>> adicionalmente sugere que a participação de wikimedistas por si não
>>>> garante o que se desejava no médio prazo: preservar os valores das
>>>> wikis. Eles encontram-se institucionalmente corrompidos pelo modelo.
>>>>
>>>> Como a influência não é explícita, mas sistêmica, os incentivos se
>>>> alinham a formar uma bolha de capítulos. Vários monopólios regionais
>>>> sem nenhum padrão de comparabilidade, transparência, participação e,
>>>> em países continentais ou desiguais, sem garantias de distribuição.
>>>>
>>>> Seus efeitos são mais contundentes em regiões sensíveis a essas
>>>> questões, daí que os estadunidenses notaram primeiro a necessidade de
>>>> organizarem-se regionalmente e daí que a bolha estourou primeiro aqui,
>>>> num país continental e imensamente desigual, com um grave déficit de
>>>> participação e transparência por ter emergido de duas ditaduras no
>>>> primeiro século de sua república.
>>>>
>>>> Para encerrar, sobre nossa responsabilidade nessa situação, de nós ela
>>>> apenas requer que sigamos dando um bom exemplo, buscando soluções
>>>> criativas - como foi a própria wikipédia - e não nos percamos os
>>>> valores que nos definem.
>>>>
>>>> Um abraço,
>>>>
>>>> ale
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