Caros,
Como se intui pela falta de resposta a um email tão importante e
existencialista, os emails técnicos, com pedidos de ajuda e de colaboração
para a WMP também não têm resposta. Se não há encontros presenciais nem
virtualmente nos falamos, então que queremos nós?
Eu sempre fui um pessimista em relação a esta organização. Tenho razões para
o ser, já que desde o início foi criada a ferros, por três ou quatro pessoas
que estavam cheias de vontade, e ilusão, pelo elevado número de
"interessados sem compromisso". Como tal, de início esse reduzido número de
pessoas contou sempre apenas com ele próprio, e agora, cada vez menos apoio
é visível.
É suposto uma associação de pessoas produzir algo mais, valer mais que a
soma das suas partes. Contudo, por não haver colaboração frequente, cada um
está isolado. Eu até me arrisco a perguntar, "cada um faz o quê?". À la
Kennedy, o que é que cada um tem feito pela WMP? O que é que cada um fez no
último mês?
Dada a nossa origem virtual, os encontros pessoais são sempre de manter
baixas expectativas. Contudo, nem virtualmente as pessoas colaboram. Ninguém
tem ideias. Ninguém ajuda nas ideias dos outros. Ninguém se voluntaria para
coisa nenhuma. Quem está de momento a fazer alguma coisa em prol da WMP? Há
muito para fazer, já viram os extensos objectivos e correlatos que temos?
Pensei com os meus botões que o nosso problema seria sermos uma organização
top-down. Onde alguns tinham umas ideias, e os outros eram convidados a
colaborar nela. Mas hoje penso diferente. Não há top nem há down,
simplesmente não há ligação entre as pessoas. Se todos olham em volta e não
se comunicam, nem se vêem tarefas activas, é porque não há
vontade/carolice/energia para fazer algo. Tempo ninguém tem, nunca ninguém
terá, contribuir para algo implica sempre trabalho extra, cortar na família
ou no sono, por isso resumo tudo a falta de interesse.
Nos últimos emails trocados facilmente se geraram pequenas picardias. A WMP
é uma associação em que todos podem apontar defeitos, e muitos podem
criticar muita coisa. Mas relatórios negativistas sabemos que não levam a
lado nenhum, nem ajudam a motivar ninguém.
Proponho que cada um olhe para o que gostaria de fazer na WMP e edite a sua
própria página de utilizador em wikimedia.pt. Depois veremos dentro das
oportunidades e possibilidades existentes aquilo que podemos criar. Relembro
que a participação em encontros internacionais nos trouxe um conjunto enorme
de ideias. Basta agora implementar as que se goste mais! Vamos
organizar-nos, um ano depois, mas ainda perfeitamente a tempo.
Cumprimentos,
Eduardo
2010/9/9 Waldir Pimenta <waldir(a)email.com>
Olá, Manuel.
Obrigado por levantar esta questão. Tenho estado há algum tempo a tentar
abordá-la e com este empurrão aproveito para tecer algumas considerações.
Começo por dizer que, apesar de não poder falar pelos outros, a minha
motivação para continuar com a Wikimedia Portugal não se desvaneceu. Vejo
que no teu caso também não, e sei que várias pessoas continuam empenhadas em
fazer com que a associação funcione e cumpra os objectivos para que foi
criada.
A existência de elementos silenciosos na comunidade (que neste momento
consiste essencialmente das mailing lists: a pública e a interna) é
inquestionável, como dizes. Mas eu não diria que o espírito desapareceu;
está é adormecido, e com razão: não podemos querer que as pessoas se
envolvam se não houver tarefas (acções específicas, não projectos inteiros)
que elas possam pegar e dizer "eu farei isto!".
O facto de muita comunicação se passar por emails individuais ou através da
mailing list interna (geral(a)wikimedia.pt) afecta também a situação. Tem de
facto havido actividade recente (e mesmo a mailing list tem estado activa),
não apenas em discussões, mas em acções concretas, muitas das quais não
foram ainda anunciadas por várias razões. Por exemplo a migração do site,
que não valia a pena anunciar antes que os detalhes técnicos fossem
resolvidos, que permitissem às pessoas usar o site de forma estável; ou a
proposta de alteração das nossas estruturas de comunicação interna (i.e,
usar a lista privada apenas para assuntos estritamente de natureza
confidencial), que não foi ainda anunciada por a discussão interna não ter
ainda atingido um claro consenso sobre os detalhes de implementação essa
mudança.
Como exemplo, indico a mensagem que enviei há pouco em cc a esta lista,
sobre a renovação do domínio wikimedia.pt: normalmente eu não enviaria
essa mensagem à lista porque ela dirige-se especificamente às pessoas que
poderão tomar acção em relação à mesma; mas assumo, não faz mal nenhum
enviar na mesma à lista para dar conhecimento das acções que vão decorrendo.
Outro exemplo: Ainda ontem estive a coordenar com o André sobre o reembolso
da participação na Wikimania do Gonçalo, a qual atrasou-se devido a
problemas com o banco que levaram dias para ser resolvidos; e fora isto há
muitas outras pequenas coisas que se vão fazendo e que consomem tempo, mas
que não são visíveis ao resto da comunidade.
Mea culpa, admito: não te censuro a visão mais pessimista que tens do
estado da associação, pois várias destas acções não te chegaram ao
conhecimento. Infelizmente, sendo presidente e membro da lista de discussão
interna, quase tudo o que se passa na associação chega ao meu conhecimento;
o mesmo não é verdade para os restantes, e não posso esperar o mesmo nível
de motivação de quem não tem a mesma percepção do pulso de actividade da
WMP. Portanto, assumo desde já um compromisso de fazer passar pela mailing
list o máximo destas acções/comunicações, de forma a manter a comunidade no
mínimo informada de que não se encontra tudo parado.
Dito isto, não quero que isto soe como eu a defender a todos pela
inactividade. Estou de facto desapontado com a falta de participação de
vários membros, e embora entenda as possíveis causas da desmotivação, e
assuma a minha parte da culpa, noto também que vários outros demonstraram
iniciativa apesar disso: um exemplo claramente visível é a actual
colaboração sobre o artigo a levar a destaque. Há vários outros exemplos
menos visíveis, como as pessoas que me abordam directamente sobre este ou
aquele assunto, ou que levantam questões na mailing list interna.
Assim, permite-me, Manuel, subscrever o teu chamado: pessoal da WMP,
especialmente os que se têm mantido calados: continuam interessados em levar
a associação adiante? Têm sugestões de formas em que se poderá melhorar a
interacção? De que precisam para arregaçar as mangas e envolver-se? Tempo?
Definições específicas de tarefas a fazer? Mais transparência sobre quem
está a fazer o quê? Falem todos, e exponham as vossas ideias!
Abraços,
Waldir
2010/9/9 Manuel de Sousa <manuel.sousa(a)exponor.pt>
Caras e caros,
Não vou comentar especificamente o e-mail da Béria abaixo, porque acho que
todos compreenderam o contexto em que o assunto surgiu e parece-me escusado
estar a acrescentar mais comentários. Mas queria aproveitar o ensejo para
levantar outra questão mais profunda: que queremos nós?
Acho que é evidente para todos que o espírito que inicialmente presidiu à
criação da Associação Wikimedia Portugal se esboroou por completo. É verdade
que sempre foi difícil reunir pessoas nos wikiencontros portugueses; e tb é
verdade que a Academia Wikipédia do ano passado, apesar da notoriedade
mediática que conseguiu atingir, teve um envolvimento de wikipedistas bem
aquém do desejável; mas eu pensei que as coisas melhorassem francamente na
sequência da última assembleia-geral realizada na FEUP. Nada disso ocorreu!
Passada a euforia do nosso encontro presencial e da admissão de novos
sócios, tudo esmoreceu.
A indiferença parece hoje total e absoluta. Enviei dois mails sobre a
possibilidade de se fazer uma Academia Wikipédia em Lisboa, que nem resposta
tiveram. Até mesmo uns meros votos de apoio p/ o destaque de um artigo
(ideia que até “nasceu” neste seio) só se tem conseguido à custa de muita
súplica, porque a maioria das pessoas nem sequer se está para chatear...
Ora isto tudo tem obrigatoriamente que nos obrigar a reflectir. Queremos
ter uma Wikimedia Portugal? Estamos dispostos a dedicar algum do nosso tempo
a este projecto? Ou a “febre da Wikipédia” já nos passou a todos e estamos
agora apenas preocupados com outras coisas?
Ficam as perguntas de fundo, à espera de respostas.
Um abraço a todos,
Manuel de Sousa
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