Dois comentários ao e-mail abaixo:
1. É curioso, mas todos os monárquicos que conheço são (ou alegam ser) descendentes de
famílias aristocráticas. Isso deixa-me a sensação de que defendem a monarquia, não tanto
porque esse seria o regime que melhor serviria o bem comum, mas muito mais porque essa
seria quiçá a única forma de ganharem um prestígio e uma importância social que
dificilmente conseguem alcançar numa sociedade que tente a privilegiar o mérito, mais do
que o berço. Mas, posso estar a ser injusto neste meu julgamento...
2. No dia 9 de Setembro, eu enviei para esta lista um e-mail intitulado "Que
queremos nós?" que pretendia abrir uma discussão alargada a todos os membros da
Associação Wikimedia Portugal sobre o nosso presente e o nosso futuro. Infelizmente,
apesar de alguns mails e conversas particulares com alguns dos integrantes desta lista,
nada de muito concreto foi aqui debatido. Saúdo, por isso, o ensejo do João Cruz em
recuperar o assunto. Força, João, diz o que pensas!
Um abraço a todos,
Manuel de Sousa
From: wikimediapt-bounces(a)lists.wikimedia.org
[mailto:wikimediapt-bounces@lists.wikimedia.org] On Behalf Of João Cruz
Sent: quinta-feira, 14 de Outubro de 2010 20:22
To: wikimediapt(a)lists.wikimedia.pt
Subject: Re: [wikimedia-pt] Questões "republicanas"
Conheço pessoalmente este editor embora ele não saiba quem eu sou na Wikipédia.
Monarca convicto e representante do Solar ou Casa de Lanhezes acha-se também representante
dos Condes de Almada ou da família Almada.
O verbete da Casa de Lanhezes foi acompanhado por mim e pelo Darwin revertendo várias
situações de claro POV do editor.
Preferia que esta lista fosse utilizada para debater os graves problemas que a AWP (o
último encontro é prova disso.. ) enfrenta e/ou da própria Wikipédia em geral.
Cumprimentos,
João
No dia 14 de Outubro de 2010 20:11, Rui Silva <ruizinhomoz(a)gmail.com> escreveu:
Hehehe... Podíamos continuar a discutir aqui - no entanto, tu sabes muito mais do assunto
do que eu! - e nunca acabarmos! Mas tenho a dizer-te (se calhar, já viste) que há outro
usuário que mudou novamente a introdução e colocou um sumário agradável, mas eu lhe
escrevi para ele colocar uma opinião na discussão. Se calhar, amanhã inda vou lá... Abraço
e boa noite.
Rui Silva
No dia 14 de Outubro de 2010 18:20, Manuel de Sousa <manuel.sousa(a)exponor.pt>
escreveu:
Obrigado pelas tuas simpáticas palavras, Rui.
Na verdade, há pessoas que acreditam tão veementemente nas suas "verdades"
(sejam elas políticas, religiosas, futebolísticas ou outras) que se julgam dispensadas de
as demonstrar factualmente, i.e. com fontes fiáveis. Acredito que o Lourenço julgue estar
100% correcto, sendo eu o intolerante! Já mo disse isso através de mensagem privada via
Facebook e eu... convidei-o p/ tomar um café da próxima vez que se deslocar ao Porto! Eu
contesto as ideias, não as pessoas.
Quanto a escrever ou não escrever alguma coisa na página de discussão: eu acho que
escrever ajuda sempre. O Lourenço desconhece esta troca de mensagens entre nós e acho que
era bom que percebesse que o que eu digo não é uma opinião pessoal minha, mas sim a
aplicação (e até bastante "meiga" e paciente) das regras vigentes na Wikipédia.
Por isso, se puderes, escreve qualquer coisa, mesmo que seja só para dizeres que
concordas.
Sobre a definição de República: na verdade não se diz "...eleitos pelo
Povo...", mas sim que "é uma forma de governo na qual um representante é
escolhido pelos seus concidadãos para ser chefe de Estado durante um período limitado de
tempo". Podia-se dizer que " é escolhido pelos seus concidadãos ou seus
representantes", porque no Estado Novo, primeiro houve eleições presidenciais (apesar
de manipuladas) e, depois do caso Humberto Delgado, o PR passou a ser eleito pela
Assembleia Nacional. Mas na Assembleia estariam, podemos admitir, os representantes do
povo. Tal como nos parlamentos das repúblicas do Leste Europeu, de Cuba, da China, etc.
Isto tudo para dizer que república não é sinónimo de democracia mas há, mesmo que apenas
teoricamente, um princípio de igualdade no acesso ao cargo público mais elevado na nação
que, numa monarquia, está reservado ao filho do monarca. Há excepções, como tu referiste
alguns reinos africanos tradicionais e, acrescentarei eu, o Vaticano, um estado sacerdotal
monárquico.
Quanto à possível raiz grega da república, isso tem a ver com a má tradução da palavra
grega "politeía". Cícero, entre outros escritores latinos, traduziu
"politeía" para "res publica" que, por sua vez, passou a
"república" pelos estudiosos do Renascimento. Esta não é uma tradução muito
precisa e "politeía" é hoje geralmente traduzida por "forma de
governo" ou "regime". No entanto, o nosso cariz conservador faz com que se
mantenha a tradução original do título do grande trabalho de ciência política de Platão,
"A República" -- "Politeía" no original.
Este e outros assuntos do género pretendia eu ver abordados na secção "Origem do
termo" do artigo. Isto, é evidente, se pudermos descolar do parágrafo
introdutório...
Um abraço e, uma vez mais, obrigado pelo incentivo.
Manuel de Sousa
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