Esse diagnóstico que o Jo bate na tecla faz tempo e eu faço coro, por confiar na experiência e dedicação dele, além de acopanhar outros editores, não tem solução trivial, como todos sabemos. Torna-se um problema "quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha" quando a comunidade está super atarefada e ao mesmo tempo tem que receber novatos, mas daí esses não são bem recebidos e a primeira impressão é a que fica - não que as próximas seriam muito melhores, pois teria que encontrar alguns dos editores mais receptivos, o que não é fácil.
O software da Wikipédia e ferramentas de auxílio não terem evoluído para ajudar a própria comunidade ativa é um fator relevante aqui. A Sue é fraca em TI e tomara que a nova diretora executiva consiga ajudar a dar um rumo melhor às questões de TI do projeto fundamentais para sua sustentabilidade (e. g., melhorar os canais de comunicação dentro da Wikipédia, coisa que ouço que vão fazer desde 2009, mas até hoje pouco melhorou).
E claro que não é só isso, pois uma mudança cultura dentro da comunidade online wiki deverá ocorrer, mas não sei como isso pode ocorrer se não houver um quórum mínimo de editores ativos e com reputação entre a comunidade para conduzir a um processo de mudança. Devem surgir
lideranças com uma postura diferente da de algumas lideranças negativas, mas até mesmo o conceito de liderança deverá surgir de uma forma espontânea e pouco visível, principalmente por causa da aversão da comunidade a esse conceito devido ao grau de horizontalidade do projeto (muitos grupos falam muito de horizontalidade, mas não percebem que mesmo tendo isso como
ideal, surgem tiranias nessas comunidades, vejam "
The Tiranny of the Structurelessness"<
http://www.jofreeman.com/joreen/tyranny.htm>).
Uma coisa que pensei muito que poderia surgir, mas não sei como fazer, é tentar criar uma cultura de comunicação não violenta <
https://en.wikipedia.org/wiki/Nonviolent_Communication>. De certa forma, tentativas como os embaixadores da Wikipédia e o Tea House vão nessa linha, mas o impacto parece ser muito baixo.
Concordo que projetos menos Wikipédicos podem ajudar a trazer pessoas para o movimento Wikimedia e até conscientizar sobre questões envolvidas a cultura livre <
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura_Livre_%28livro%29>. Mas eles não trarão wikipedistas no sentido do que editores ativos chamariam de wikipedistas (usando eu como exemplo, que não sou considerado um wikipedista, mesmo editando e apoiando a Wikipédia desde 2004 - apesar da conta de 2006, lembro meu espanto no meio do mestrado quando meu irmão disse que era um site escrito por voluntários, eu abrir a página da Wikipédia e me perguntar: como é possível? Isso é incrível! :). Então outra mudança cultura que deveria ocorrer é os usuários mais ativos na Wikipédia reconhecerem um pouco da importância daqueles que fazem trabalho mais offline, mas acreditam tanto quanto os mais ativos online no projeto. Mais um exemplo sobre isso, lembro do desabafo de um professor universitário e respeitado wikipedista me mostrando que um colega wikipedista veio falar que ele havia sumido, enquato ele não estava editando tanto pois estava organizando palestras e atividades para usarem a Wikipédia na sala de aula, ou seja, ele estava com atividades offline para tentar trazer gente para o online, mas o impacto disso é baixo, como vimos pela experiência de anos tentando fazer isso.
O encontro cara a cara é importante, principalmente para humanizar mais o ambiente hostil das comunidades Wikimedia, mas como falei um pouco antes de sair do catalizador, as estratégias deveriam focar no online: