Não estou sugerindo nada, Ale.

Mas se quiser realmente minha opinião, e espero que não se sinta ofendido (porque não tenho tal intenção), considero que o primeiro texto é um pouco maniqueísta, ao dividir a questão entre dois lados antagônicos, com os chapters representando o Mal e os mutirões personificando o Bem. Não é porque o Chapcom (ou alguém de lá) foi rude com o movimento no Brasil (ou com alguém de cá) que isso torna impossível a criação de um chapter no País. Parece-me uma tentativa de retaliação ("vocês não aceitam minha proposta então não quero a de vocês"). Talvez eu esteja perdendo alguma coisa, mas não vejo que a solução esteja entre apenas duas opções mutuamente excludentes.

Sobre o segundo, insistiu-se no discurso "pode ser feito mais com mutirões" como se a opção do chapter fosse liquidar os mutirões. Posso muito bem completar, dizendo que "pode ser feito ainda mais com capítulo + mutirões" (A > B, mas A + B > A). Afirmam que é caro criar e manter uma ONG no Brasil. Quão caro? E os mutirões, são muito mais baratos? Avaliaram a possibilidade de atuação como OSCIP, inclusive com captação de recursos junto à iniciativa privada com dedução fiscal? Vou ficar te devendo isso, pois vou me ausentar por uns dias, mas prometo apresentar uma apuração "na ponta do lápis" de quanto isso custaria, e meu palpite é que irá te surpreender. Por outro lado, a quantidade de pessoas a envolver-se nisso me parece um verdadeiro obstáculo.

O documento é uma consequência da conversa via IRC, em que ficou bem claro que vocês não queriam manusear recursos e nem usar os logos, só queriam continuar fazendo o que estamos fazendo agora mesmo, só que com o reconhecimento de chapter. E ficou bem claro que essa possibilidade não existia naquele momento. De lá para cá, passou-se um ano. O que mudou? Avançou algo que tenha mudado o cenário? Já é possível ser um chapter sem criar uma organização? O movimento brasileiro continua rejeitando o uso de recursos financeiros e dos logos para as suas atividades? Como podemos definir qual é a posição do movimento brasileiro quanto a essas questões?

Como disse, não estou aqui querendo impor que se aceite a criação de uma associação e menos ainda para desestimular os mutirões. Se estão funcionando bem contigo, dou a maior força, keep walking, with or without chapter. Mas não vejo nada que impeça a análise de uma outra opção (adicional, e não substitutiva), e só descarto essa possibilidade se houver uma razão menos ideológica e mais pragmática para me convencer de que isso não é bom. Pouco me importa a falta de educação de uns e outros, isso não é problema meu. A questão é: se não existissem capítulos, e quiséssemos fazer outras atividades, off-wiki, encontrando algumas dificuldades para firmar parcerias, tocar projetos que envolvem despesas de maior monta, como isso poderia ser solucionado? Uma associação, que firme acordo de uso de marca com a WMF (para não vender cigarros da Wikipédia), e ainda dispõe de estímulos à captação de recursos por doações seria certamente uma opção a ser considerada, então não há porque rejeitar a ideia precocemente. E isso nada tem a ver com Chapcom, WM-DE, etc. É uma instituição existente e perfeitamente lógica que vem sendo largamente adotada no Brasil já há muito tempo para atividades como as nossas. Algumas dão errado, outras dão certo, não há garantias de que vá resolver todos os problemas (e nem acho que vá), mas pode ajudar, se houver gente interessada em conduzir. Conheço uma pá de associações sem fins lucrativos que dão certo e conseguem realizar grandes eventos e projetos. Inclusive, trabalho para uma que traz até palestrantes do exterior, promove congressos nacionais e internacionais, produz artigos e implementa novidades no País, e não é um bicho de sete cabeças.

Como disse no começo, não estou sugerindo nada. Procedem, têm um contexto, e merecem respostas. Não sei porquê não receberam. Não sou do Chapcom e nem o estou defendendo. Agora é minha vez de perguntar-lhe algo. Se os mutirões funcionam tão bem hoje, como descrito no segundo documento, nenhum chapter seria maluco de desestimulá-los. E se, além disso, há gente suficiente interessada em formar uma associação, ciente do que isso irá representar, então me diga: qual é mesmo o problema primordial com a criação de uma associação Wikimedia Brasil, com acordo de uso da marca e com possibilidade de arrecadação de recursos para aplicações em projetos como os dos mutirões atuais ou outros? Repito: considere que essa possibilidade coexistiria com os mutirões, então não use argumentos do tipo "o mutirão é melhor porque X, Y, Z", porque continuaremos concordando nas premissas e discordando nas conclusões. Se não tiver que escolher entre um modelo ou outro, por que seria um problema criar uma associação?

Há ainda muitas outras alternativas que gostaria de discutir, como o reconhecimento de instituições parceiras para projetos específicos, por exemplo. Pelo porte do Brasil, e suas perspectivas, acho que é bem viável vermos aqui um escritório da fundação (para questões legais e estratégicas, p ex.), um chapter (para captar recursos para uso no País, publicar conteúdo e promover eventos institucionais, com uso da marca), um conjunto de mutirões (para ações de menor custo e sem uso de marca), várias instituições públicas e privadas parceiras (para produção e disponibilização de conteúdo), empresas com fins lucrativos (para publicação de conteúdo, produção de material audiovisual, etc.), e outros que porventura eu tenha esquecido. Acho que só por meio de um mix poderíamos atender satisfatoriamente a missão da WMF em um país tão plural.
Mas isso, é claro, é só minha opinião.
 
Castelo


Em 15/03/2011 02:25, Alexandre Hannud Abdo escreveu:
Ni!

On 03/12/2011 10:12 AM, CasteloBranco wrote:
Sempre achei que o problema de se criar um capítulo
fosse a falta de gente interessada nesses aspectos mais burocráticos,
mas se existem, então qual o problema, né?
Fala Castelo!

Diga-me, com isso você está sugerindo que estes dois textos,
majoritariamente de minha autoria mas que tem o apoio ou ao menos o
respeito declarado de parte dos participantes dessa lista, não tem a
menor procedência e não merecem nem mesmo resposta?

http://lists.wikimedia.org/pipermail/wikimediabr-l/2011-February/006519.html

http://br.wikimedia.org/wiki/Relacionamento_com_a_Wikimedia_Foundation/Comit%C3%AA_de_Cap%C3%ADtulos/Resposta_aos_questionamentos_2010_02

Não me entenda mal, se disserem para mim: "nós vamos simplesmente
ignorar a idéia de insistir numa alterativa mais wikificada de desenho
institucional e fundar outra ONG a enfileirar-se na disputa por recursos
pro-bono e prêmios filantrópicos no bananal", tudo bem.

Daí a gente move o debate para uma lista de exigências formais mínimas
para um capítulo brasileiro ter alguma influência positiva sobre o país
e sobre o movimento wikimedia, ao invés de reproduzir cegamente o que ao
meu ver são vícios institucionais incorporados no movimento pelo
desenvolvimento histórico do sistema de capítulos.

Abração,

a
 l
  e

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