eu não recomendaria Everton. Até porque não é a nomeclatura usada na WFM.

Ale, depois respondo a tua carta que vai precisar de meia hora do tempo (coisa que nao tenho agora)
_____
Béria Lima (Beh)
(351) 925 171 484



No dia 22 de Fevereiro de 2011 08:34, Everton Zanella Alvarenga <everton137@gmail.com> escreveu:
Como é gostoso quando a discussão fica no plano das idéias, não?
Espero que ela continue assim, sem ataques pessoais e inflames
emocionais. Será mais produtivo para todos.

O email do Ale me estimulou a por o mapinha do unchapter no Commons.
Devo/posso? Rs

Já pensaram daqui uns anos o mapinha todo vermelho, como um vírus
iniciado por aqui? : D

Abraços!

Tom

Em 22/02/11, Alexandre Hannud Abdo<abdo@member.fsf.org> escreveu:
> Ni!
>
> 2011/2/20 Béria Lima <berialima@gmail.com>:
>>> Esse posicionamento (tanto do "ChapCom" quanto das outras WM*) é muito
>>> contraditório com o espírito livre do mundo wiki.
>>
>> Pelo contrario. Livre nunca significou anarquia, e o que é um chapter foi
>> definido anos atras pela WMF e aceito por todos. Se a comunidade do Brasil
>> não aceita o modelo, é direito dela, mas não pode reclamar quando os
>> direitos de um chapter lhe são negados, afinal a regra estava lá o tempo
>> todo. Podem querer mudar as regras, mas até lá elas existem para ser
>> cumpridas.
>
> Diego - e demais, o problema é de desenho institucional.
>
> A forma como a WMF criou os capítulos, concedendo monopólios regionais
> a corporações sem fins lucrativos, foi equivocada.
>
> Isso que a Béria repete, e que substanciou com a palavra de seus
> membros, é o conto da sacralidade do modelo que o chapcom vende por
> aí. Descartando-nos com refutações descontextualizadas de alvos
> fáceis, mas secundários, enquanto esquivam-se das questões principais,
> como discutir as críticas feitas e permitir a participação de
> alternativas nos processos - com qualquer nome que seja.
>
> Mas essa sacralidade nem a WMF compra, visto o apoio que temos
> recebido para desenvolver modelos alternativos de ação.
>
> De fato, a WMF encarregara ao Chapcom que nos ajudasse a desenvolver
> nossa ideia e negociasse como incorporar-nos ao sistema atual. Eles,
> da forma mais rude possível, recusaram essa tarefa, retornando à WMF a
> responsabilidade. Foi essa, inclusive, uma das razões que levou a
> fundação a contratar a Carol, para introduzir oficialmente a
> discussão.
>
> Por que o chapcom fez isso? Por que eles rejeitam tão violentamente
> qualquer relação conosco, com base num boicote legalista? Bem, vale
> aqui conhecer um pouco a realidade, que pude testemunhar em dois
> chapters' meetings e duas Wikimanias, interagindo com mais de uma
> dúzia de representantes de capítulos e conversando pessoalmente com
> membros da mesa diretora e funcionários da WMF, tendo inclusive estado
> em São Francisco visitando a sede.
>
> E essa realidade é que o chapters' meeting é uma coisa embaraçosa,
> para não dizer uma vergonha. A maioria dos chapters são coordenados
> por gente sem nenhuma experiência em mobilização popular ou
> institucional, de pouca visão empresarial, e competência estritamente
> burocrática - quase sempre adquirida de última hora para formatar um
> estatuto. Não vou entrar no mérito do que eles realizam, mas não há
> dúvida que todas as vezes que nos apresentamos lá estávamos bem acima
> da média e da mediana.
>
> Até aí, também há capítulos bacanas e bem geridos, ainda que deixem a
> desjar em alguns aspectos; poderia-se dizer exemplos a serem seguidos.
> Poderia-se criticar apenas a sede de multiplicar as estruturas sem
> garantir sua qualidade. Mas essa não é toda a realidade.
>
> E tomo então os olhos do Rodrigo, que falou uma coisa acertada: siga o
> dinheiro.
>
> Quase a metade do tempo dos chapters' meetings são gastos discutindo
> como abocanhar para os capítulos mais direito sobre a marca e mais
> proeminência na campanha de angariação de fundos.
>
> A metade maior do tempo se divide entre questões burocráticas,
> financeiras, criação de mais capítulos e no que sobrar relatam-se
> algumas experiências de outreach e parcerias institucionais que seriam
> muito melhor aproveitadas se melhor documentadas e divulgadas nas
> wikis ao invés de apresentadas en-petit-comité.
>
> A falta de um padrão de transparência, lembrada pelo Tom, é tamanha
> que eles nem se põe a questão.
>
> Por isso eu acho pouco relevante nesse momento que não estejamos ali,
> ao mesmo tempo em que não sermos bem-vindos é um sinal importante para
> a WMF.
>
> Porque nossa ideia é que podemos mobilizar mais gente e fazer coisas
> mais sustentáveis sem precisar transferir a gestão de marcas e recuros
> - isto é, poder sobre a parcela excluível do valor do trabalho de toda
> a comunidade - a priori e para pequenos grupos autárquicos. E porque
> não nos dobramos na questão da transparência.
>
> Por isso o chapcom é tão avesso ao modelo transparente, participativo
> e distribuído proposto pela WMBR, pois temem que nos tornemos um vírus
> que possa contestar a situação do lado de lá. Para completar, alguns
> de seus membros tem dentro daquele modelo um projeto de poder
> individual já público de tão escancarado.
>
> Bem, agora que já devo ter deixado a Mônica<del><del>Béria espumando
> (de blincadeila!), permitam-me relembrar a importância de um termo na
> primeira frase deste e-mail: desenho institucional.
>
> Problemas de desenho isntutucional são, como a atual crise econômica
> internacional, situações onde internamente não há culpados morais, nem
> ninguém pode ter seu caráter julgado, pois os incentivos foram postos
> ali para as pessoas agirem daquela forma. Também são problemas
> difíceis, onde só pessoas em posições privilegiadas e com capacitações
> específicas enxergam que há um problema. Isso não quer dizer, contudo,
> que não existam responsabilidades.
>
> A WMBR entrou em sua posição privilegiada quando surgiram
> divergências, já mencionadas pelos Rodrigos, ligadas ao nosso contexto
> geo-político-econômico-cultural, e enxergamos uma saída do modelo pois
> tínhamos em nosso meio várias pessoas com conhecimento e experiência
> em corporações com e sem fins lucrativos, movimentos sociais,
> políticos, leis e economia, capazes de analisar a situação de maneira
> a fazer valer um lema das wikis: seja audaz.
>
> Assim que, esse escape, como tal, não foi totalmente consciente ou
> proposital, mas também fruto de acidentes programados. Apenas hoje
> podemos olhar para trás e entender os acontecimentos nesse contexto
> mais amplo.
>
> Enfim, na minha tentativamente humilde opinião, é esta a situação em
> que nos encontramos, ou ao menos a que consigo comunicar.
>
>
> Tenho enorme admiração e respeito por muitos membros de capítulos, do
> chapcom e até por algumas das instituições, mas isso não significa que
> eles estejam num bom caminho. Soldados honestos e nobres patriotas
> lutaram também em guerras opressivas.
>
> Gerenciar o valor excluível de um projeto comunitário de forma justa é
> algo terrivelmente complexo e requer avanços e retrocessos. A WMF tem
> uma estrutura participativa, transparente e minimalista para lidar com
> isso, e ainda está longe da perfeição. A preocupação do Lugusto e da
> Béria com a participação de não-wikimedistas nos princípios da WMBR
> refletia isso.
>
> A realidade que testemunhei, com minhas limitações e imperfeições,
> adicionalmente sugere que a participação de wikimedistas por si não
> garante o que se desejava no médio prazo: preservar os valores das
> wikis. Eles encontram-se institucionalmente corrompidos pelo modelo.
>
> Como a influência não é explícita, mas sistêmica, os incentivos se
> alinham a formar uma bolha de capítulos. Vários monopólios regionais
> sem nenhum padrão de comparabilidade, transparência, participação e,
> em países continentais ou desiguais, sem garantias de distribuição.
>
> Seus efeitos são mais contundentes em regiões sensíveis a essas
> questões, daí que os estadunidenses notaram primeiro a necessidade de
> organizarem-se regionalmente e daí que a bolha estourou primeiro aqui,
> num país continental e imensamente desigual, com um grave déficit de
> participação e transparência por ter emergido de duas ditaduras no
> primeiro século de sua república.
>
> Para encerrar, sobre nossa responsabilidade nessa situação, de nós ela
> apenas requer que sigamos dando um bom exemplo, buscando soluções
> criativas - como foi a própria wikipédia - e não nos percamos os
> valores que nos definem.
>
> Um abraço,
>
> ale
>
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