Problemas de desenho isntutucional são, como a atual crise econômica
internacional, situações onde internamente não há culpados morais, nem
ninguém pode ter seu caráter julgado, pois os incentivos foram postos
ali para as pessoas agirem daquela forma. Também são problemas
difíceis, onde só pessoas em posições privilegiadas e com capacitações
específicas enxergam que há um problema. Isso não quer dizer, contudo,
que não existam responsabilidades

Ale, querendo entender e debater, pode elaborar um mais mais sobre esse desenho institucional?

Abs

Em 22 de fevereiro de 2011 10:46, Béria Lima <berialima@gmail.com> escreveu:
Comentários:

1. Eu não sei porque vocês insistem em chamar organização de burocratização. Qualquer coisa com o mínino de organização torna-se burocratico na vossa imaginação.

2. A comunidade sempre participou das iniciativas dos chapters. Olhe qualquer evento da WMPT, ou qualquer parceria da WMDE ou WMFR (pra citar as maiores) e vais ver que o "chapter" sempre trabalha junto com "a comunidade".

3. Novos caminhos para usuários é coisa para ser definido no "usability". Apesar de vários chapters estarem a trabalhar para melhorar a interface para usuários e angariar mais usuários em países em desenvolvimento (como o Brasil), isso não pode ser exigido de todos. Mas já que querem citação: WMFR tem "internos" em faculdades e museus, WMDE faz workshops uma vez a cada 15 dias para ensinar as pessoas a editar, WMUK tem um programa semelhante ao da WMDE dentro do Museu Britanico, os membros da WMPT  dão cursos sobre introdução ao modelo wiki, a WMIN faz concursos sobre edição, a WMNL ensina as pessoas a fazer upload de fotos no commons, etc, etc, etc. Sem contar o esforco de mais de 7 chapters europeus para organizar o Wiki Loves Monuments 2011. Se vocês pararem de olhar pra dentro o tempo inteiro, iam ver que os chapters funcionam muito bem, obrigada.  

4. Claro, as pessoas da WMBR não brigam. Nem temos aqui uma tread sobre o assunto. (não a dizer que os chapters nao brigam, mas que isso não é um problema exclusivo destes - alias, as ofensas que rolam aqui na mailing eu nunca vi nas mailings list dos vários chapters que leio)

5. Desculpa lá, mas Jimbo? Quando viste o Jimbo ser citado em qualquer coisa que envolva os chapters? Ou qualquer parceria que tenha um chapter lá? Pelo contrário, quando Jimbo ta metido, normalmente é em coisas da comunidade e/ou dos multiroes. Nenhum chapter usa o Jimbo como garoto propaganda.



_____
Béria Lima (Beh)
(351) 925 171 484



No dia 22 de Fevereiro de 2011 12:28, Pietro Roveri <pietro@usp.br> escreveu:


Elementos preocupantes no modelo formado exclusivamente por capítulos e WMF:
  1. A burocratização por meio dos capítulos;
  2. O descolamento dessas estruturas das comunidades dos projetos;
  3. O foco em parcerias negociais ao invés de novos caminhos para voluntários;
  4. As pessoas como causas dos problemas;
  5. Jimbo como figura de autoridade carismática que respalda essa estrutura;
Abraços,

Pietro


De: Everton Zanella Alvarenga <everton137@gmail.com>
Para: Mailing list do Capítulo brasileiro da Wikimedia. <wikimediabr-l@lists.wikimedia.org>
Enviadas: Terça-feira, 22 de Fevereiro de 2011 9:16:10
Assunto: Re: [Wikimedia Brasil] O espírito wiki e os capítulos da WMF - Re: Res: Chapters Meeting 2011

O documento do Ale vai virar uma pãgina wiki: the born of a new
Wikimedia group model  - Unchapter, beyond hierarchies, for an
inclusive, flat and open participation. :)

Poderá ser lançado no dia do chapters meeting! Rs

Em 22/02/11, Rodrigo<rodrigopissardini@gmail.com> escreveu:
> O email do Ale deveria virar um documento na wiki rs. Mesmo com visões
> diferentes, foi a melhor abordagem que vi até agora sobre o tema( dos dois
> lados).
>
> Rodrigo
>
>
> Em 22/02/2011, às 05:37, Béria Lima <berialima@gmail.com> escreveu:
>
>> eu não recomendaria Everton. Até porque não é a nomeclatura usada na WFM.
>>
>> Ale, depois respondo a tua carta que vai precisar de meia hora do tempo
>> (coisa que nao tenho agora)
>> _____
>> Béria Lima (Beh)
>> (351) 925 171 484
>>
>>
>> No dia 22 de Fevereiro de 2011 08:34, Everton Zanella Alvarenga
>> <everton137@gmail.com> escreveu:
>> Como é gostoso quando a discussão fica no plano das idéias, não?
>> Espero que ela continue assim, sem ataques pessoais e inflames
>> emocionais. Será mais produtivo para todos.
>>
>> O email do Ale me estimulou a por o mapinha do unchapter no Commons.
>> Devo/posso? Rs
>>
>> Já pensaram daqui uns anos o mapinha todo vermelho, como um vírus
>> iniciado por aqui? : D
>>
>> Abraços!
>>
>> Tom
>>
>> Em 22/02/11, Alexandre Hannud Abdo<abdo@member.fsf.org> escreveu:
>> > Ni!
>> >
>> > 2011/2/20 Béria Lima <berialima@gmail.com>:
>> >>> Esse posicionamento (tanto do "ChapCom" quanto das outras WM*) é muito
>> >>> contraditório com o espírito livre do mundo wiki.
>> >>
>> >> Pelo contrario. Livre nunca significou anarquia, e o que é um chapter
>> >> foi
>> >> definido anos atras pela WMF e aceito por todos. Se a comunidade do
>> >> Brasil
>> >> não aceita o modelo, é direito dela, mas não pode reclamar quando os
>> >> direitos de um chapter lhe são negados, afinal a regra estava lá o
>> >> tempo
>> >> todo. Podem querer mudar as regras, mas até lá elas existem para ser
>> >> cumpridas.
>> >
>> > Diego - e demais, o problema é de desenho institucional.
>> >
>> > A forma como a WMF criou os capítulos, concedendo monopólios regionais
>> > a corporações sem fins lucrativos, foi equivocada.
>> >
>> > Isso que a Béria repete, e que substanciou com a palavra de seus
>> > membros, é o conto da sacralidade do modelo que o chapcom vende por
>> > aí. Descartando-nos com refutações descontextualizadas de alvos
>> > fáceis, mas secundários, enquanto esquivam-se das questões principais,
>> > como discutir as críticas feitas e permitir a participação de
>> > alternativas nos processos - com qualquer nome que seja.
>> >
>> > Mas essa sacralidade nem a WMF compra, visto o apoio que temos
>> > recebido para desenvolver modelos alternativos de ação.
>> >
>> > De fato, a WMF encarregara ao Chapcom que nos ajudasse a desenvolver
>> > nossa ideia e negociasse como incorporar-nos ao sistema atual. Eles,
>> > da forma mais rude possível, recusaram essa tarefa, retornando à WMF a
>> > responsabilidade. Foi essa, inclusive, uma das razões que levou a
>> > fundação a contratar a Carol, para introduzir oficialmente a
>> > discussão.
>> >
>> > Por que o chapcom fez isso? Por que eles rejeitam tão violentamente
>> > qualquer relação conosco, com base num boicote legalista? Bem, vale
>> > aqui conhecer um pouco a realidade, que pude testemunhar em dois
>> > chapters' meetings e duas Wikimanias, interagindo com mais de uma
>> > dúzia de representantes de capítulos e conversando pessoalmente com
>> > membros da mesa diretora e funcionários da WMF, tendo inclusive estado
>> > em São Francisco visitando a sede.
>> >
>> > E essa realidade é que o chapters' meeting é uma coisa embaraçosa,
>> > para não dizer uma vergonha. A maioria dos chapters são coordenados
>> > por gente sem nenhuma experiência em mobilização popular ou
>> > institucional, de pouca visão empresarial, e competência estritamente
>> > burocrática - quase sempre adquirida de última hora para formatar um
>> > estatuto. Não vou entrar no mérito do que eles realizam, mas não há
>> > dúvida que todas as vezes que nos apresentamos lá estávamos bem acima
>> > da média e da mediana.
>> >
>> > Até aí, também há capítulos bacanas e bem geridos, ainda que deixem a
>> > desjar em alguns aspectos; poderia-se dizer exemplos a serem seguidos.
>> > Poderia-se criticar apenas a sede de multiplicar as estruturas sem
>> > garantir sua qualidade. Mas essa não é toda a realidade.
>> >
>> > E tomo então os olhos do Rodrigo, que falou uma coisa acertada: siga o
>> > dinheiro.
>> >
>> > Quase a metade do tempo dos chapters' meetings são gastos discutindo
>> > como abocanhar para os capítulos mais direito sobre a marca e mais
>> > proeminência na campanha de angariação de fundos.
>> >
>> > A metade maior do tempo se divide entre questões burocráticas,
>> > financeiras, criação de mais capítulos e no que sobrar relatam-se
>> > algumas experiências de outreach e parcerias institucionais que seriam
>> > muito melhor aproveitadas se melhor documentadas e divulgadas nas
>> > wikis ao invés de apresentadas en-petit-comité.
>> >
>> > A falta de um padrão de transparência, lembrada pelo Tom, é tamanha
>> > que eles nem se põe a questão.
>> >
>> > Por isso eu acho pouco relevante nesse momento que não estejamos ali,
>> > ao mesmo tempo em que não sermos bem-vindos é um sinal importante para
>> > a WMF.
>> >
>> > Porque nossa ideia é que podemos mobilizar mais gente e fazer coisas
>> > mais sustentáveis sem precisar transferir a gestão de marcas e recuros
>> > - isto é, poder sobre a parcela excluível do valor do trabalho de toda
>> > a comunidade - a priori e para pequenos grupos autárquicos. E porque
>> > não nos dobramos na questão da transparência.
>> >
>> > Por isso o chapcom é tão avesso ao modelo transparente, participativo
>> > e distribuído proposto pela WMBR, pois temem que nos tornemos um vírus
>> > que possa contestar a situação do lado de lá. Para completar, alguns
>> > de seus membros tem dentro daquele modelo um projeto de poder
>> > individual já público de tão escancarado.
>> >
>> > Bem, agora que já devo ter deixado a Mônica<del><del>Béria espumando
>> > (de blincadeila!), permitam-me relembrar a importância de um termo na
>> > primeira frase deste e-mail: desenho institucional.
>> >
>> > Problemas de desenho isntutucional são, como a atual crise econômica
>> > internacional, situações onde internamente não há culpados morais, nem
>> > ninguém pode ter seu caráter julgado, pois os incentivos foram postos
>> > ali para as pessoas agirem daquela forma. Também são problemas
>> > difíceis, onde só pessoas em posições privilegiadas e com capacitações
>> > específicas enxergam que há um problema. Isso não quer dizer, contudo,
>> > que não existam responsabilidades.
>> >
>> > A WMBR entrou em sua posição privilegiada quando surgiram
>> > divergências, já mencionadas pelos Rodrigos, ligadas ao nosso contexto
>> > geo-político-econômico-cultural, e enxergamos uma saída do modelo pois
>> > tínhamos em nosso meio várias pessoas com conhecimento e experiência
>> > em corporações com e sem fins lucrativos, movimentos sociais,
>> > políticos, leis e economia, capazes de analisar a situação de maneira
>> > a fazer valer um lema das wikis: seja audaz.
>> >
>> > Assim que, esse escape, como tal, não foi totalmente consciente ou
>> > proposital, mas também fruto de acidentes programados. Apenas hoje
>> > podemos olhar para trás e entender os acontecimentos nesse contexto
>> > mais amplo.
>> >
>> > Enfim, na minha tentativamente humilde opinião, é esta a situação em
>> > que nos encontramos, ou ao menos a que consigo comunicar.
>> >
>> >
>> > Tenho enorme admiração e respeito por muitos membros de capítulos, do
>> > chapcom e até por algumas das instituições, mas isso não significa que
>> > eles estejam num bom caminho. Soldados honestos e nobres patriotas
>> > lutaram também em guerras opressivas.
>> >
>> > Gerenciar o valor excluível de um projeto comunitário de forma justa é
>> > algo terrivelmente complexo e requer avanços e retrocessos. A WMF tem
>> > uma estrutura participativa, transparente e minimalista para lidar com
>> > isso, e ainda está longe da perfeição. A preocupação do Lugusto e da
>> > Béria com a participação de não-wikimedistas nos princípios da WMBR
>> > refletia isso.
>> >
>> > A realidade que testemunhei, com minhas limitações e imperfeições,
>> > adicionalmente sugere que a participação de wikimedistas por si não
>> > garante o que se desejava no médio prazo: preservar os valores das
>> > wikis. Eles encontram-se institucionalmente corrompidos pelo modelo.
>> >
>> > Como a influência não é explícita, mas sistêmica, os incentivos se
>> > alinham a formar uma bolha de capítulos. Vários monopólios regionais
>> > sem nenhum padrão de comparabilidade, transparência, participação e,
>> > em países continentais ou desiguais, sem garantias de distribuição.
>> >
>> > Seus efeitos são mais contundentes em regiões sensíveis a essas
>> > questões, daí que os estadunidenses notaram primeiro a necessidade de
>> > organizarem-se regionalmente e daí que a bolha estourou primeiro aqui,
>> > num país continental e imensamente desigual, com um grave déficit de
>> > participação e transparência por ter emergido de duas ditaduras no
>> > primeiro século de sua república.
>> >
>> > Para encerrar, sobre nossa responsabilidade nessa situação, de nós ela
>> > apenas requer que sigamos dando um bom exemplo, buscando soluções
>> > criativas - como foi a própria wikipédia - e não nos percamos os
>> > valores que nos definem.
>> >
>> > Um abraço,
>> >
>> > ale
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