Ni!
Sobre educação:
Acho que o Mutirão deve abraçar todas as iniciativas de ensino,
públicas ou privadas, laicas ou não.
Nosso objetivo deve ser mostrar como todas as formas de aprendizado se
encontram e beneficiam-se mutuamente no uso de recursos educacionais
livres e na construção colaborativa do conhecimento.
Educação é um tema muito mais amplo e profundo do que a parte que nos
toca.
Ela permeia desde questões econômicas básicas como igualdade de
oportunidades até questões complexas de psicopedagogia organizacional
como o papel da hierarquia na sala de aula.
Nós não vamos resolver "o problema da educação", até porque não existe
um problema só, nem uma só solução.
Nosso papel será mostrar um caminho, um princípio que pode ser aplicado
em qualquer contexto e que, por sua natureza, aproximará a todos para
que cada um se beneficie do que o outro tem a oferecer.
Ao mesmo tempo, a educação pública - gratuita, laica e de qualidade -
fundamenta qualquer solução política para a educação, porque garante um
direto humano e também porque ela detemina o patamar para as demais
componentes privadas.
Assim, acho importante que os princípios esclareçam que o ensino
público será contemplado com prioridade, mas que todos os espaços de
ensino são bem vindos.
Abs,
ale
~~
On Mon, 2008-12-08 at 17:55 -0800, Joaquim Mariano da Costa Neto wrote:
>
> Eu sempre gostei da idéia de aceitar dinheiro de alguém contra
> quem nós trabalhamos. Pessoalmente, acho que reforça e valoriza o
> nosso trabalho saber que alguém tentou comprar nossa simpatia e não
> foi bem sucedido. Não seria interessante se, por exemplo, o Greenpeace
> recebesse dinheiro da Standard Oil e, mesmo assim, ocupasse as suas
> refinarias? Obviamente a Standard Oil suspenderia os cheques no dia
> seguinte. De qualquer forma, acho que isso reforçaria a isenção do
> Greenpeace.
>
> O problema disso é a mulher de César. Realmente é difícil se fazer
> acreditar honestamente, quando quem paga as suas contas é justamente
> quem você diz combater.
>
> Assim, quanto a essa restrição de doação, sou indiferente. Eu sei
> o que faço e sei que um cheque da Microsoft, por exemplo, não vai
> mudar o que faço. Como já disse, eu pessoalmente até gostaria de
> receber um cheque da Microsoft e mostrar para ela que eu continuo
> defendendo o software livre exatamente como eu defendia.
>
> Se acharem cabível, o ponto de reforço pode ser aprofundado:
>
> - As doações que aceitarmos não serão dedutíveis de qualquer tributo e
> não implicarão qualquer privilégio, ônus, obrigação, dependência ou
> vinculação com o doador. Não receberemos doação de doador que
> discorde, contrarie ou viole os nossos princípios estabelecidos ou as
> ações e atividades que empreendemos.
>
> Quanto à democratização do conhecimento, é muito simples: não se
> alcança a democratização do conhecimento sem que a educação seja
> democratizada. Sem educação plena, nenhuma Wikipédia consegue
> democratizar o conhecimento. E para democratizar a educação, ela
> precisa ser boa, ampla (vertical e horizontalmente), gratuita,
> excitante (porque pensar e aprender deveriam ser atividades
> extremamente prazerosas), etc., etc., etc. Pontos sobre financiamento
> estão rodando. E sobre conhecimento e educação? Vamos?
>
> Joaquim Mariano da Costa Neto
>
>
>
>
>
> ______________________________________________________________________
> De: Porantim <
porantim@gmail.com>
> Para: Mailing list do Capítulo brasileiro da Wikimedia.
> <
wikimediabr-l@lists.wikimedia.org>
> Enviadas: Segunda-feira, 8 de Dezembro de 2008 22:29:42
> Assunto: Re: [Wikimedia Brasil] [Organização]
>
> Joaquim, gostei da sua formulação, mas acho que falta ainda alguma
> coisa.
>
> Além de declararmos que não vamos nos meter nessa fossa que são as
> ONGs no Brasil, temos que dizer que nos posicionamos contra o que
> fazem.
>
> Será que aceitamos dinheiro de qualquer um? O Greenpeace, por exemplo,
> tem suas contas pagas pela Standard Oil (dona da Exxon Mobil e uma das
> maiores poluidoras do mundo), através da Fundação Rockefeller [1].
> Como pode se dizer sério se quem paga suas contas é quem vc diz
> combater? Óbvio que o Greenpeace nunca se levantou contra a Exxon ou a
> SO...
>
> Na mesma linha, se defendemos a democratização do conhecimento,
> precisamos defender a democratização da educação, sua gratuidade,
> qualidade e dignidade.
>
> -- Porantim
>
>
> [1]
>
http://www.rbf.org/grantsdatabase/grantsdatabase_show.htm?doc_id=616987
>
http://www.undueinfluence.com/greenpeace.htm>
>
>
> 2008/12/8 Joaquim Mariano da Costa Neto <
joaquimmariano@yahoo.com.br>
>
> Concordo com todos os pontos colocados pelo Porantim na
> mensagem abaixo e na justificativa.
>
> Se entendi corretamente, a idéia é não aceitar dinheiro
> público (inclusive aquele dinheiro que é deduzido de impostos,
> que, na verdade, é dinheiro público cujo destino é resolvido
> pelo particular) e não aceitar dinheiro mediante contrapartida
> (prestação de serviço, por exemplo). Nesse sentido, doação
> privada não dedutível é algo permitido. Assim, talvez fosse
> interessante reforçar que a doação não nos obriga em nada.
> Então, uma idéia para um ponto de reforço:
>
> - As doações que aceitarmos não serão dedutíveis de qualquer
> tributo e não implicarão qualquer privilégio, ônus, obrigação,
> dependência ou vinculação com o doador.
>
>
> Joaquim Mariano da Costa Neto
>
>
>
>
>
> ______________________________________________________________
> De: Porantim <
porantim@gmail.com>
> Para: Mailing list do Capítulo brasileiro da Wikimedia.
> <
wikimediabr-l@lists.wikimedia.org>
>
> Enviadas: Segunda-feira, 8 de Dezembro de 2008 20:09:36
>
> Assunto: Re: [Wikimedia Brasil] Res: [Organização]
>
>
>
> Alguns dos pontos que creio que não podemos abrir mão são
> (falando em
> financiamento):
>
> - Acreditamos que o dinheiro público deve ser usado no serviço
> público, na escola pública, na saúde pública, no transporte
> público.
>
> - Não aceitamos financiamento público nem direta nem
> indiretamente.
> Não aceitamos benefícios fiscais em troca de doações.
>
> - Não prestamos serfiços públicos, seja em forma de Oscip, PPP
> ou
> qualquer outra.
>
> - Cremos na educação pública, gratuita, laica e de qualidade,
> para
> todos, em todos os níveis.
>
> - Não prestamos nenhum tipo de serviço em troca de paga direta
> ou
> indiretamente. Nosso trabalho é voluntário e gratuito.
>
> A justificativa e formulação já foram enviadas à lista em
> 28/11.
>
> -- Porantim
>
>
>
> 2008/12/8 Thomas de Souza Buckup
> <
thomasdesouzabuckup@gmail.com>:
> > Obrigado Porantim. Sim, ajudaria bastante se você pudesse
> responder às
> > perguntas resumidas na minha última mensagem, assim
> conseguiremos avançar
> > com a discussão, sabendo também a sua opinião sobre o
> assunto de forma ainda
> > mais sistematizada.
> >
> > Com relação à [Organização] e [Financiamento], acredito
> profundamente no que
> > está escrito nos dois primeiros parágrafos (copiados abaixo)
> da
> > primeira proposta para a Carta de Princípios:
> >
> > "A Wikimedia Brasil é um espaço aberto para debate, desenho
> de propostas,
> > articulação de ações e troca de experiências entre
> voluntários interessados
> > em realizar de maneira descentralizada e auto-organizada
> iniciativas que
> > promovam produções colaborativas de conhecimentos livres a
> serviço do
> > desenvolvimento harmonioso da humanidade. [Organização]
> >
> > A Wikimedia Brasil articula com independência e autonomia
> iniciativas que
> > podem contar com a colaboração de organizações públicas,
> privadas e da
> > sociedade civil, mas, sem representá-las, ou por elas ser
> representada, em
> > qualquer esfera." [Financiamento]
> >
> > Acredito que o texto acima destaca os elementos fundamentais
> ("abertura",
> > "descentralização", "auto-organização", "independência" e
> "autonomia") para
> > que voluntários sintam-se sempre engajados e se tornem
> empoderados para
> > atuar, independentemente de formatos jurídicos ou condições
> de financiamento
> > específicos, que podem se alterar ao longo do tempo de
> existência desta
> > comunidade.
> >
> > Num primeiro momento, que pode durar poucos anos ou algumas
> décadas,
> > considero como adequado o modelo de um movimento que conta
> exclusivamente
> > com a dedicação e articulação voluntária de sua comunidade.
> Mas não tenho a
> > pretensão de saber ou determinar qual o formato jurídico ou
> a relação com
> > potenciais financiadores que deverá existir em 2050. Vejo
> apenas o
> > compromisso de assegurarmos hoje que "abertura",
> "descentralização",
> > "auto-organização", "independência" e "autonomia" façam
> parte do modelo
> > escolhido pela comunidade hoje e em 2050, pois disso "não
> podemos abrir
> > mão", respondendo ao comentário da Béria.
> >
> > Você é certamente muito bem-vindo a modificar ou detalhar
> cada um dos pontos
> > com o seu ponto-de-vista, caso discorde ou concorde com a
> minha opinião.
> >
> > Abraços,
> > Thomas
> >
> >
> >
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