Estou preocupado, acho que precisamos retormar a discussão da carta de princípios.
Abraços,
Pietro
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De: Porantim <porantim(a)gmail.com>
Para: Mailing list do Capítulo brasileiro da Wikimedia.
<wikimediabr-l(a)lists.wikimedia.org>
Enviadas: Quinta-feira, 2 de Abril de 2009 10:12:43
Assunto: Re: [Wikimedia Brasil] Res: Res: Res: Res: Res: APCM e Lei Azeredo
Então, Ozy, na verdade, "a base do capitalismo" é o acúmulo de capital. Como a
única atividade que gera capital (capital novo) é o trabalho e como o trabalho artesanal
agrega apenas o trabalho pessoal, a "base do capitalismo", na verdade, é a
atividade industrial.
Não confunda dinheiro com capital. São coisas diferentes.
No caso dos livros (e eu vivo isso diariamente), as distribuidoras, ou melhor, A
distribuidora (leia-se Dinap) tem praticamente o monopólio da distribuição por conta da
força da Abril. Usam de coerção, ameaça, pra manter esse monopólio. Ficam com 50% ou 60%
do preço de capa do livro. O que sobra é que paga todo o resto. Pior: não permitem que
você venda o livro por um preço menor no seu site, por exemplo.
Cuidado ao polarizar esta discussão só no conceito de "pirataria". A lei é muito
mais do que isso.
Outra coisa: cresci em Alagoas. Lá não tinha loja de disco que não fosse popular.
Praticamente tudo que eu escutava vinha de São Paulo em fitas K7 que as pessoas gravavam a
partir dos seus LPs. Isso nunca arranhou em nada o lucro das gravadoras, muito pelo
contrário. A lei do Azeredo diz que o cara que manda um MP3 "romanticuzinho" pra
namorada pelo MSN tá cometendo um crime. Percebe a diferença?
-- Porantim
2009/4/2 Rodrigo Pissardini <rodrigopissardini(a)gmail.com>
Sim Porantim. As gravadoras e editoras podem e devem ganhar dinheiro oras. Em um mundo
pré-internet, elas eram as responsáveis por servir como canal de distribuição, e esta é a
base do capitalismo. Ora, qual é o alcance de um indivíduo ? Uma organização então servia
como meio de extender este poder de atuação, e isto custa dinheiro.
Hoje fala-se muito do gerador de conteúdo ganhar dinheiro por si mesmo, mas isto se
relaciona principalmente à área de música e computação. Música, porque o artista ganha no
show, computação porque o analista ganha na consultoria e suporte. Mas como ficam a área
de vídeo, da literatura, dos quadrinhos, de jogos (não a parte de hardware, mas de
software) e afins ? Estes não possuem um meio de "se manter financeiramente", e
sendo liberado o poder de "cópia", são mercados que serão extintos, porque os
custos de criação e desenvolvimento serão maiores do que o retorno obtido.
2009/4/2 Porantim <porantim(a)gmail.com>
O autor é uma coisa, mas quem ganha dinheiro com a arte não são os artistas. Nunca são.
Quem ganha dinheiro com música são as gravadoras. Quem ganha dinheiro com livro são as
distribuidoras (nem o autor, nem a editora, nem a gráfica, nem a livraria). Seu argumento
é lógico, mas parte de pressupostos que não são deste mundo.
-- Porantim
2009/4/2 Ademar Varela <ademar.varela(a)me.com>
Mas se você está liberando os SEUS direitos autorais, é uma ação somente sua, você não
pode querer que todos os autores pensem igual a você. Sou simpatizante da sua idéia, acho
que seria o ideal mesmo, mas os direitos dos demais devem ser respeitados e não
subjulgados pelas nossas vontades. Se os demais autores querem receber pelo conhecimento
(ou a arte) deles, eles tem esse direito, por mais mesquinho que isto possa parecer.
Ademar Varela
iPhone Developer - mindbike
019-9366.2247
ademar.varela(a)me.com
On Apr 2, 2009, at 8:10 AM, Rodrigo Pissardini <rodrigopissardini(a)gmail.com> wrote:
Acredito que depois destas opiniões um tanto divergentes, deva ser seguida a regra de
"cada um apoie o que quiser, mas a organização em si mantenha-se neutra".
Explico o porquê disto: como alguns já sabem desta lista sou defensor do "Pacto
Social", isto é, as regras são estabelecidas entre as partes, ou pelo detentor do
direito, e quem não quiser, vá para um lugar onde o pacto não atue. Esta lei não irá
contra o que é disponibilizado em GFDL, CC ou qualquer licença livre: aqueles que
trabalham com elas podem continuar trabalhando. A lei vai contra o uso comercial de
conteúdos cujos autores optaram por manter em direito reservado, e que é um direito deles
também. Oras, eu posso ter projetos que libero ao público, outros não, e não sou obrigado
a fazer sempre um ou sempre outro. Agora se a lei está bem escrita ou não é outra coisa.
Eu sou partidário de que não deveria existir direitos autorais de espécie alguma, e sim
que todos pudessem compartilhar à vontade. Então pessoalmente sou contra esta lei, assim
como sou contra religião e qualquer forma de governo. No entanto, dentro do "Pacto
Social" que vivemos, se as regras do jogo permitem a alguém usufruir financeiramente
da sua criação, a lei deve coibir qualquer tentativa de fraudar este direito. Ir contra
esta lei é justamente permitir um pequeno grupo de colaborar e trocar conteúdo para
"consumo próprio", e um grande grupo de fraudar e LUCRAR sobre o trabalho alheio
sem trabalho algum.
Atenciosamente
Rodrigo
2009/4/2 Porantim <porantim(a)gmail.com>
"Pessoalmente, acho ruim apoiar a pirataria oficialmente pq ela é contra lei"
Hmmm... Em verdade, beijar em público é contra a lei no Município de São Paulo...
Não há nada de errado em apoiar algo que hoje é ilegal ou se posicionar contra uma lei.
São esses posicionamentos que levantam as discussões e que fazem as leis mudarem.
Especificamente sobre esse assunto, o Eduardo Azeredo é um bandido, mafioso, canalha.
Segundo consta, foi quem "inventou" o mensalão ("cedeu" a presidência
do PSDB ao Jereissati por conta da "imagem pública" que isso trazia).
Ele propõe esse tipo de lei por lobby dos bancos (o Bradesco é um de seus maiores
financiadores). Um dos objetivos é obrigar as pessoas a se identificarem (com e-CPF ou o
que for) toda vez que acessarem a net, o que diminuiria absurdamente o risco que os bancos
têm com as transações online.
É sabido que ele é candidato ao governo de MG, por isso precisa "apoiar" seus
patrocinadores (pra ter grana pra fazer campanha).
-- Porantim
2009/4/2 Gustavo Barrientos Duran <ggustavo.1984(a)gmail.com>
Achei meio estranho esse "90% construída de forma errada". Mesmo pq
acho mta presunção sair dizendo isso (-e olha q a lei de imprensa, que
rege parte de minha profissão, é de 1968 ).
Qto as nos posicionarmos, como grupo, vejo os mesmos problemas apontados
pelo Pissardini.
Pessoalmente, acho ruim apoiar a pirataria oficialmente pq ela é contra
lei (e apoiar que m apóia ela também é difícil). Por mais injusta que
ela seja, não dá para infringir. Imagina se as pessoas infringissem a
lei sempre que pensassem nesse sentido. Tem q tentar mudar isso sim.
De certa forma concordo com Ademar de que essas empresas deveriam se
adaptar. Mas tenho quase certeza q não vão fazer isso, pois é difícil
largar o osso - ainda mais o de uma das indústrias mais lucrativas q se
tem...
Mas... bem minha opinião sobre isso não está totalmente formada..
abs
Gustavo D'Andrea escreveu:
Pessoal,
Rodigo, você escreveu: "A Lei, como 90% das leis nacionais foi
construída de forma errada, o que deveria se fazer é incentivar a
produção livre.".
A verdade é que não tem lei nenhuma. Não existe "lei Azeredo". Existe
"projeto de lei Azeredo". Ela pode até estar sendo construída de forma
errada. Mas ainda não foi terminada. Há diversas formas de a população
participar das discussões e tentar entender e fazer com que a lei seja
mais justa para todos.
Da minha parte, estou oferecendo um caminho concreto: o
desenvolvimento de um verbete na Forensepédia. Pelo menos duas coisas
boas esse verbete tem: a possibilidade de explicar realmente a lei, já
que se trata de um verbete enciclopédico, e permitir a discussão, na
aba de discussão (já que se trata de uma wiki). Na medida em que as
pessoas colaborarem nas discussões em torno de um projeto de lei,
através da Forensepédia, mais tomará força o princípio constitucional
do poder que emana do povo.
http://forensepedia.org/wiki/Lei_de_crimes_cibernéticos
<http://forensepedia.org/wiki/Lei_de_crimes_cibern%C3%A9ticos>
Abraços!
Gustavo D'Andrea
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