O governo federal, até certo ponto, reconhece a importância da informação livre na sociedade atual e faz alguns esforços no sentido de garantir mais transparência de suas ações (o Itamaraty revelou um monte de documentos para a Folha essa semana mesmo). Com exceção, é claro, da ministra da Cultura, que tirou a licença Creative Commons do portal do Ministério (aquela velha situação de governos de centro-esquerda: há um embate frequente entre forças conservadoras e progressistas dentro do gabinete; a que está mais bem organizada na hora do "vamos ver" ganha).

Mesmo com esses embates (e os possíveis interesses escusos por trás do programa), não deixa de ser uma atitude louvável. Só o que me preocupa são os destinos que governos municipais e estaduais darão a essas verbas. Na época em que o Lula era presidente, por exemplo, ele enviou uma verba para o governo de Goiás construir um presídio feminino no Estado (o que até hoje não existe) e a verba ficou parada na conta da Secretaria de Segurança Pública até ser devolvida para Brasília. Até hoje os presos/as de Goiás nunca votaram mesmo (em afronta à Constituição).

Não sei como é nos Estados de vocês, mas aqui em Goiás o esquema é bruto. O governo está pouco se lixando para a transparência de suas ações e ainda age no sentido de cercear a imprensa com chantagens (a mídia não é forte o bastante para sobreviver sem as verbas públicas). O governador está literalmente correndo da imprensa mais independente (do Estado, e não do capital) desde que esta descobriu que a empresa que vai gerir o Hospital de Urgências de Aparecida (a privatização está sendo questionada pelo MP) está sendo processada por fraude em licitação no Rio de Janeiro. Agora mesmo ele está lá na Europa.