On 11-04-2012 11:40, Oona Castro wrote:
> Então, minha aposta é 1)
podemos pedir o espaço, dizer que estamos
> com muita demanda de pessoas achando que poderão editar
dentro de um
> escritório e está nos causando dificuldade de administrar; 2)
> Podemos trabalhar com matérias que reforcem o movimento e
evitem o
> assunto escritório; 3) mesmo nos cercando de todos os
cuidados
> haverá informações erradas ou imprecisas, mas precisamos
ficar
> tranquilos e saber que, no cômputo geral, e dependendo do
erro, ela
> não causa estragos tão grandes como podemos ou queremos
supor. E não
> adianta querermos corrigir tudo. Mesmo se alguns de nós
escrevêssemos
> uma reportagem sobre o que acontece, muito possivelmente
haveria
> outros dizendo "isso está errado", "aquilo não é bem assim" e
por aí
> vai.
Ni!
Pois é, o caminho é por aí!
Faria apenas algumas observações...
==Pirataria==
Discordo que os estragos de dar visibilidade junto à desinformação
sejam pequenos no cômputo geral. Parece-me que, aí sim, queremos
acreditar nisso pela dificuldade de fazer algo a respeito e por
parecer preciosismo.
Também desconfio dessa ideia de que o entendimento sobre a pirataria
está melhorando em função da maior exposição do tema.
Hoje, até mais do que antes, ouço pessoas convictas de que a
pirataria está diretamente relacionada com tráfico de drogas e crime
organizado. Evidentemente, na população geral, e não nos círculos da
cultura digital, também mais concêntricos do que imaginamos.
Houve um progresso talvez no entendimento dos benefícios e
malefícios culturais da pirataria, mas parece-me que exclusivamente
através da relação direta das pessoas com a prática, e dos
benefícios dela colhida, e não de qualquer exposição na mídia.
==Wikipédia==
O caso da Wikipédia é ainda mais complicado, pois as pessoas são
muito mais capazes de permanecer alheias ao fato da Wikipédia ser
feita por voluntários, mesmo quando cercadas dessa informação.
Note-se que, diferente da pirataria onde há uma disputa entre
contraditórios, no caso da Wikipédia não é dito em lugar algum que
ela não seja feita por voluntários e aberta à edição universal. As
pessoas simplesmente assumem o contrário espontaneamente.
E, também diferente da pirataria, colhem os benefícios da Wikipédia
sem relacionar-se em nada com a prática da sua produção.
Já vi gente fazendo pós-graduação em comunicação digital que jurava
de pés juntos que a Wikipédia tinha editores pagos que reviam os
artigos antes de publicar, sem nunca terem lido isso em lugar algum.
Muito pelo contrário, tinham lido vários autores que usam a
Wikipédia como exemplo em suas observações.
Acabei por esclarecê-las. Mas precisou elas toparem com alguém
envolvido até o pescoço. E se não tivessem topado comigo, mas com
alguém menos informado? E se tivessem lido o oposto numa manchete de
jornal? E se não fôssem parte desse meio digital?
Qual opinião prevaleceria?
A Wikipédia contradiz o senso comum, e as pessoas tendem a descartar
o que contradiz o senso comum, mesmo diante de evidência em
contrário.
Mas o mais importante, talvez, seja entender que o objetivo de
informar a população geral sobre a Wikipédia não é conseguir mais
editores ou mais usuários, mas sim promover a sensibilidade a um
contexto maior de cidadania e colaboração atuando para transformação
da sociedade.
E a mensagem "uma ONG estrangeira está dando atenção pro Brasil" é
quase que a antítese disso.
Isso escapa completamente à questão de corrigirmos os que vierem
perguntar, pois relaciona-se a reações espontâneas e interiores das
pessoas, que não geram sinais para serem corrigidas.
Assim, perdemos mais do que nos parece quando uma matéria sai com um
título equivocado desses. Mesmo uma matéria que está, de fato, até
que bem escrita no seu conteúdo.
==Concluindo...==
Bem, são apenas observações, e concordo com o caminho enumerado.
A essa caminho, acrescentaria mais duas coisas alinhadas.
Primeiro, que confiemos na vontade dos jornalistas e seus editores
em nos ajudar, e na participação deles no movimento. Não devemos
tratá-los como terceiros, mas sim convidá-los a juntarem-se a nós.
Muitos estão apenas esperando o convite.
Segundo, que isso significa investir em fazê-los entender que não
estamos buscando exposição, e que a grande contribuição profissional
que eles podem dar é compreender e comunicar corretamente uma
questão de *cidadania*: o potencial civilizatório da produção
colaborativa de conhecimento livre. Mesmo quando não estiverem
escrevendo sobre o Movimento Wikimedia.
Abraços,
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